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Entrevista: Para onde foi a maioria da população branca da Igreja em Londres?

Presidente da Igreja na Grã-Bretanha fala sobre alcançar todas as raças; como medir o sucesso

Silver Spring, Maryland, United States | Ansel Oliver/ANN

Ian Sweeney diz que dentro dos mais de 11.000 membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia na área de Londres, provavelmente há menos de 200 brancos britânicos.

Como em várias regiões do mundo, da denominação, o crescimento da Igreja ocorre principalmente entre as comunidades de imigrantes. Isso está levando Sweeney, presidente da Igreja Adventista na Grã-Bretanha, a avaliar como os adventistas estão ministrando à maioria da população branca (70 por cento em Londres), bem como nas ilhas britânicas. Seu conselho é que os adventistas encontrem melhores formas de impactar as comunidades circunvizinhas às suas congregações.

Ele planeja identificar as pessoas que se destacam na realização de ministério através de barreiras culturais em áreas não-penetradas, o que pode requerer apoio financeiro para as regiões sem presença adventista.

Sweeney, de 46 anos, um negro nativo britânico, foi nomeado presidente da União Associação Britânica da Igreja Adventista em julho. Ele falou com a Rede Adventista de Notícias [RAN] por telefone de seu escritório em Watford na semana anterior a uma reunião trimestral com os seus cinco presidentes de campo local. Ele discutiu questões envolvidas na criação de um plano para fazer crescer a participação em todas as áreas, independentemente de raça ou cultura. Também discutiu suas influências e que personagem bíblico pode oferecer o exemplo mais relevante para a sua situação. Alguns trechos da entrevista foram editados para efeito de extensão do texto:

Rede Adventista de Notícias: Qual é a composição demográfica da Igreja Adventista nas Ilhas Britânicas?

Ian Sweeney: Somos cerca de 45 por cento das Índias Ocidentais, em seguida, um pouco menos do que isso são africanos e alguns da Ásia. Cerca de 10 por cento, no máximo, é formada por ingleses brancos, e creio que estou até sendo generoso nisso.

ANN: Qual é o seu plano de aumento de filiação para todas as etnias, independentemente de raça e cultura?

Sweeney: Para começar, precisamos ter a discussão, e já começamos isso. Meu diretor de Comunicação começou um blog em nosso site sobre isso. Também isso foi para o jornal da União, que sai numa base quinzenal.

Dentro da Igreja há pessoas que podem ministrar de forma intercultural e interracial. Consideremos Pedro e Paulo: Pedro era um grande sujeito, mas Deus teve que lhe dar uma visão toda de ovelhas e coisas impuras só para levá-lo a realizar um estudo bíblico. Paulo, no entanto, tinha uma habilidade para ministrar aos gentios. Não é sem razão que Paulo foi o maior contribuinte para o Novo Testamento. Então o meu apelo aos pastores é, vamos identificar o Paulo que pode ministrar fora do seu próprio contexto cultural.

ANN: Que papel a liderança desempenha no alcance de todas as culturas?

Sweeney: O que temos de fazer é realmente apoiar os pastores e presidentes de associações que estão preparados para tomar os passos ousados e dizer: "Vemos que as coisas precisam mudar. É assim que vamos tentar alcançar nossa comunidade anfitriã". Isso pode evoluir para colocar pastores em territórios não penetrados dizendo-lhes: "De que precisa, e como podemos apoiá-lo?" Então, novamente, colocamos uma pessoa num território não-penetrado e não há dízimo para pagar o seu salário. Mas creio que isso tem de ver com o mais forte apoiando o que não é tão forte. Vamos ter que ser pioneiros e enviar as pessoas para esses territórios não-penetrados.

ANN: Por que essa forma de evangelismo é uma grande parte desse plano?

Sweeney: Suspeito -- e posso dizer por alguns dos comentários no blog--que às vezes a Igreja é tão internalizada considerando nossos próprios problemas que nossas reuniões de diretoria, por exemplo, não têm gasto o tempo para o nosso foco principal de evangelismo, como nosso Manual de Igreja diz.

Na minha igreja anterior, em vez de orar para que as pessoas entrassem, nós orávamos sobre sair, e vimos resultados. Os números não foram brilhantes no contexto de grandes números, mas o impacto para mim não é simplesmente sobre quantos conversos fazemos, mas sobre se ou não as pessoas sabem. Noé, por exemplo, foi um evangelista inútil, se o considerarmos somente pelo número de adesões. Ele relatou zero batismos durante um século. Mas quando a chuva começou a cair, todo mundo sabia. Impacto para mim, é sobre "Será que alguém ouviu?"

ANN: Quão abertos estamos para falar sobre raça e racismo na Igreja?

Sweeney: Acho que estamos entrando numa fase em que podemos falar mais aberta e honestamente sobre as questões que realmente enfrentamos. Não estou completamente familiarizado sobre a história da Igreja aqui na Grã-Bretanha. Creio que há [dor] e sinto-me um tanto hesitante em falar de como eram as coisas nos anos 50 e 60. Fui criado aqui, mas isso tudo me antecede. Não quero abrir muito as velhas feridas. Quando temos essas discussões, quero isso no contexto de, "soube de onde você veio, mas isso é onde creio que todos precisamos ir". Sei que algumas pessoas negras podem dizer, mas o que falar sobre a luta [histórica]? Não estou condenando a luta. Estou simplesmente dizendo que nunca devemos perder de vista o que Deus nos chamou para fazer. Realmente desejo que coloquem nosso enfoque no número maior, que são os 65 milhões ou por aí, na Grã-Bretanha, que não conhecem a Cristo.

ANN: Onde é que o arrependimento se ajustaria à expressão de Reavivamento e Reforma no Reino Unido?

Sweeney: Estou muito feliz por toda a ênfase que o Pastor Wilson está dando a Reavivamento e Reforma e o Projeto Grande Conflito, porque para mim trata-se de recordar nossas raízes adventistas. Um dos grandes desafios da Grã-Bretanha é que ela não é tão orientada para Deus como os Estados Unidos. Certamente a rainha é a cabeça da Igreja na Inglaterra, mas creia-me, esta não é uma sociedade acolhedora aos cristãos. Os cristãos estão muitas vezes nos meios de comunicação sob ataque. Dito isto, há também na Grã-Bretanha a busca de algum sentido de espiritualidade. Há Igrejas que, dentro da comunidade anfitriã e fora do adventismo, estão crescendo. Muitos adventistas às vezes pensam que a questão é a forma de culto e adoração e que se tem de trazer uma banda para dentro. Não é isso. Você tem de ser relevante para a vida das pessoas onde elas se acham. A maioria dessas Igrejas que crescem faz as coisas que impactam a sua comunidade, seja em termos de atenção às crianças, orientação, clubes de jovens, que estão visivelmente na comunidade dizendo: "Aqui estamos, vemos as suas necessidades, como podemos ajudá-los?" Acho que isso é o que devemos fazer como Igreja.

ANN: Quem são os seus mentores e modelos de sucesso?

Sweeney: Um dos líderes da Igreja que tem sido uma inspiração para mim é Freddie Russell [presidente da Associação Allegheny Oeste com sede em Ohio, EUA]. Ele tem um princípio, "Fique junto a pessoas que são bem sucedidas". E todos quantos vejo estão fazendo algo [que eu admiro]. Vou chamá-los para que eu possa sentar-me a seus pés. Estou lendo o livro de Ted Engstron, 'The Making of a Christian Leader' [A formação de um líder cristão], e estou compartilhando isso com nossa equipe. Também estou examinando um livro de Nigel Rooms, 'Fé do Inglês', que fala sobre integração de Cristo com a cultura. E Ellen White, é claro. Por agora a minha inspiração bíblica é Jeremias. É um exemplo difícil -- Deus lhe diz para ir pregar e anuncia: "Ninguém vai lhe dar ouvidos, mas faça-o assim mesmo". Isso tem-me levado a reavaliar o sucesso. Precisamos de pessoas para ouvir, ou é um sucesso fazermos o que Deus nos pede para fazer? Ele nos pede para pregar para essas pessoas porque as ama, não porque Ele está tentando fazer-nos perder tempo. Realmente quero gente que vá e testemunhe porque amam a Cristo.

ANN: Como integrarará fé e oração num plano de ação?

Sweeney: Voltando a Jeremias, ele gritou para o povo, chorou sobre Jerusalém. Eis algo que nós, como adventistas, não somos vistos fazendo bem; quando pela última vez choramos a respeito dos perdidos? E pergunto isso a partir de mim próprio. Clamamos por dinheiro, por emprego, por isso, por aquilo, mas o que [Jeremias] estava fazendo era chorar pelas pessoas que estavam perdidas. Uma das coisas que estamos enfatizando para 2012 é que se você não está chorando em oração pelos perdidos, certamente não vai estar interessado em vê-los salvos e trabalhar para a sua salvação.

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