East-Central Africa

ADRA de Ruanda aproveita grande oportunidade para ajudar os adventistas refugiados

Perspectiva País diretor Kern em missão, trabalhando para ADRA

Kigali, Rwanda | Ansel Oliver/ANN

Na semana passada, Jefferson Kern descobriu algo curioso sobre uma recente onda de refugiados que fugiram da República Democrática do Congo, para a vizinha Ruanda: quase cem por cento deles são adventistas do sétimo dia.

A pista ocorreu quando os profissionais assistenciais notaram que muitos deles se recusavam a ser transferidos no sábado, disse um representante das Nações Unidas.

Kern, diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais em Ruanda, disse que 80 por cento dos refugiados que fogem de guerras civis são mulheres e crianças. O Serviço de Notícias da ONU informou que na região há até meio milhão de pessoas deslocadas nos últimos quatro meses. Isso levou Ruanda a abrir o seu quarto acampamento de refugiados que a ADRA apóia com educação e logística de transporte.

Em uma entrevista, Kern fala da probabilidade de um fluxo anormal de adventistas refugiados, o que está fazendo a ADRA e o que a Igreja poderia fazer para ajudar. Também analisou o serviço individual e coletivo, além dos projetos da organização no país.

Ruanda, localizada na África Central, é o pais mais densamente povoado do continente. É um país de maioria cristã, e cerca de 11 por cento de sua população é adventista. Na Igreja Adventista no país, os dízimos aumentaram 30 por cento ao ano nos últimos quatro anos.

Kern, de 39 anos, originalmente do Brasil, é filho de missionários e trabalhou como estudante voluntário da ADRA em Angola. Foi ali para ficar um ano, mas permaneceu por três anos e meio, tornando-se diretor de projetos regionais. Trabalhou mais tarde como corretor hipotecário em Nova York por dez anos antes de completar seus estudos teológicos. Também atuou como diretor da ADRA Amazonas no Brasil. Desde 2010 é diretor da ADRA Ruanda.

Aqui estão trechos editados da entrevista:

Rede Adventista de Notícias (ANN): Como é que a maioria dos refugiados é adventista?

Jefferson Kern: Esta região da África é muito territorial: uma seção é anglicana e outra católica, por exemplo. É por isso que temos um influxo de maioria adventista, porque eles vêm de uma região da RDC, que é adventista. Cerca de 40 mil foram para Uganda, e uns 12 mil vieram para Ruanda. Cada dia continuam chegando mais alguns.

ANN: O que estão fazendo a ADRA e a Igreja Adventista para ajudar esses membros?

Kern: Não vamos ajudar essas pessoas por serem adventistas, mas porque precisam de ajuda. É assim como a ADRA trata a todos. O governo ruandês já opera três campos de refugiados com uma capacidade para quinze mil pessoas cada, e abriu uma seção que já tem doze mil refugiados. A ONU e seus parceiros estão satisfazendo as suas necessidades básicas como alimentação e higiene. O papel da ADRA de Ruanda é ajudar com educação e a logística de transporte. No acampamento há cerca de 4.500 estudantes. A Igreja ou um colégio secundário poderiam assumir um projeto e fazer parceria conosco para enviar artigos ou brinquedos para as crianças.

ANN: O que tem feito desde que chegou aqui em 2010?

Kern: Três coisas básicas: Reduzimos o pessoal. Tínhamos muitos funcionários na administração. Havia seis diretores. Agora há três: o de finanças, o de programas, e eu. É a estrutura mais comum da ADRA. Em segundo lugar, estamos terminando de compilar nossos regulamentos num manual. Tínhamos regulamentos financeiros, de utilização de veículos, de recursos humanos, mas não estavam interligados. Em terceiro lugar, bem, creio que todos os diretores fizeram, mas nós nos concentramos na criação e geração de projetos que apóiem a nossa organização e nos ajudem a atingir os nossos objetivos de ajudar as pessoas.

ANN: Quais são alguns de seus principais projetos?

Kern: O Programa de Ação para a Mudança Social. Só para se ter uma idéia, há uma comunidade específica para os apicultores. Disseram-nos quais eram suas dificuldades e nos demos conta de que estavam construindo colmeias tradicionais. Oferecemos-lhes treinamento para construir colmeias modernas e a produção de mel triplicou. Então é o que fazemos com essas associações. Oferecemos técnicas para o cultivo de milho, plantações de mandioca, fábricas e venda de roupas, ou realizar a contabilidade ou administração geral. Basicamente, somos consultores. Queremos ajudar a fortalecer a sociedade civil.

ANN: Como você descreveria o seu estilo de administração?

Kern: Creio que trabalhamos de forma cooperativa. Na nossa comissão administrativa não votamos. Sempre aprovamos as decisões por consenso. Quando alguma coisa essencial requer aprovação e não há consenso, então eu tomo a decisão porque sou responsável perante o conselho. No total existem 18 funcionários no escritório e 94 no país, mas eu trabalho principalmente com meus outros dois diretores (de finanças e projetos).

ANN: Qual é a sua perspectiva de desenvolvimento em Ruanda?

Kern: Em termos de desenvolvimento internacional (sem entrar em questões políticas), em Ruanda, creio que haverá cada vez mais um declínio na importância dos fundos de desenvolvimento e, inversamente, uma maior ênfase no desenvolvimento do setor privado, o que deve ser o processo para o desenvolvimento de um país. É raro que encontremos financiamento para projetos de infra-estrutura, porque o governo faz tudo. Às vezes, o governo pode fazer um trabalho melhor do que organizações não-governamentais para construir um hospital. É por isso que nossa ênfase está no fortalecimento da sociedade civil para desempenhar um melhor papel.

ANN: Muitos jovens dizem que um dia quer trabalhar para a ADRA. Você tem algum conselho para lhes dar?

Kern: Creio que trabalhar para a ADRA nunca deve ser diferente do que trabalhar para um ministério. A ADRA precisa de boas pessoas. Precisa de pessoas comprometidas. Pode haver pessoas interessadas em melhorar a vida dos outros, mas se você esquecer a missão, vai acabar sendo como qualquer outra ONG. No caso da ADRA, acho que há outro elemento: estamos fazendo isso como uma Igreja para levar a responsabilidade social corporativa como embaixadores da Igreja. Eu gosto de dizer isto: o que Deus requer de nós no desenvolvimento social, é o que a ADRA faz pela Igreja coletivamente. Mas mesmo assim, cada um de nós precisa assumir o seu serviço individual.

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