West-Central Africa

QUARTO DE UMA SÉRIE: Na prisão, Monteiro pede paz para a Igreja e o governo de Togo

Graz: more public affairs, media relations needed in all countries

Silver Spring, Maryland, United States | ANN staff

A Prisão Civil de Lomé está superlotada. Faz muito calor. É ao ar livre, como uma feira-livre lotada, mas sem barracas. Os presos dormem em grupos de oitenta por cela, lado a lado. Cada vez que se movem durante a noite, se tocam e atingem outros detentos. Se certa quantia em dinheiro for paga podem dormir numa cela com apenas 26 outros prisioneiros. Ocasionalmente, o pastor Antônio Monteiro tem o luxo e dormir num colchão.

 

“Eu não sei se há muitas pessoas que poderiam passar até um dia lá”, disse John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa para a Igreja Adventista a nível mundial e que visitou Monteiro na prisão. “É um lugar lotado e sujo; a higiene é praticamente inexistente”, diz Graz “Não posso nem imaginar como devem ser os banheiros do lugar”.

Em maio, o blog do “Movimento Cidadãos Pela Verdade” publicou fotos após chuvas torrenciais inundarem a prisão. Os prisioneiros tinham de caminhar com água até o tornozelo.

Este tem sido o lar de Monteiro por quase 500 dias. Ele e outros adventistas, Bruno Amah, Beteynam Raphael, Kpiki Kpatcha Sama e Kpatcha Simliya têm vivido neste lugar enquanto aguardam que uma data para o julgamento lhes seja determinada, ou que eles sejam libertados.

Monteiro acredita que chegará o dia em que esta terrível situação chegará ao fim, “no tempo de Deus”, diz ele. Por enquanto, afirma que está preocupado com a saúde dos presos, porque há milhares de presos numa instalação construída para acomodar seiscentos.

Um editorial em 18 de junho do jornal local ‘La Symphonie’ disse: “Se nós acreditamos na informação sobre a degradação contínua da saúde desses prisioneiros, há um forte temor de que, um por um, comece a morrer”.

As esposas de Monteiro e Amah os visitam uma vez por dia para levar-lhes comida. Elas têm que pagar dois dólares cada vez que vão para a prisão. Membros da Igreja Adventista no país têm estado orando junto com a Igreja por todo o mundo pedindo a libertação destes homens, mas não podem fazer muito mais do que isso.

O trabalho da Igreja Adventista do Sétimo Dia começou no Togo em 1956, graças ao colportor adventista (vendedor de livros) Georges Vayssé, de acordo com a ‘Enciclopédia Adventista’. Em 1964, um missionário da Costa do Marfim foi enviado para trabalhar com o grupo emergente de crentes adventistas.

Hoje, existem cerca de seis mil adventistas em meio a uma população de cerca de 7,1 milhões de pessoas. Aproximadamente trinta por cento da população é cristã, vinte por cento são muçulmanos, e cerca de cinquenta por cento têm crenças baseadas em religiões tradicionais africanas. Muitas dessas incluem os animistas e praticantes do vodu (tipo de macumbaria), que muitas vezes inclui o uso de partes de animais e sangue em suas cerimônias.

Monteiro está preso acusado de assassinato e conspiração para operar uma rede de tráfico de sangue. Os diplomatas, embaixadores e líderes da Igreja Adventista não conseguem entender como oficiais da polícia e do governo podem ter confundido os adventistas com os grupos que usam sangue como parte de suas cerimônias religiosas.

“Essas práticas são desconhecidas em nossa igreja”, disse Guy Roger, presidente da União Missão do Sahel e chefe de Monteiro.

Os líderes da Igreja no Togo dizem que há falta de conhecimento sobre a Igreja Adventista e suas práticas.

De acordo com um relatório da polícia do último dia 22 março de 2012, o superintendente chefe Gaté N'Zonou perguntou a Monteiro por que o seu acusador, que tem uma história documentada de instabilidade mental, disse que nas cerimônias adventistas se utilizava sangue. “O senhor Simliya é um adventista como você, e ele confirmou que na sua igreja o sangue tem o segredo de oferecer riquezas e grandeza às pessoas. O que pode dizer a respeito disso?, perguntou N'Zonou a Monteiro.

“Eu não sei nada sobre isso, uma vez que nossa Igreja está baseada na Bíblia”, disse Monteiro.

John Graz, diretor de relações públicas para a denominação, disse que é uma acusação “bizarra”. Para ele, isso ensina a lição de que a Igreja Adventista tem que destacar a tarefa de relações públicas e mídia em todo o mundo.

Em algumas partes do mundo, a Igreja Adventista é pequena em número de membros, e é incorretamente denominada de seita, disse Graz. “Infelizmente, em muitos lugares no se tem feito muito para mudar essa percepção. Portanto, as prioridades dos líderes da Igreja têm que ajustar-se a isso”.

“Temos uma responsabilidade, prosseguiu Graz. Essa é uma das lições que se extrair disso: necessitamos destacar nossos esforços de relações públicas e de comunicação por todo o mundo. Necessitamos conhecer líderes dos governos e de outras religiões, e necessitamos de uma presença periódica nos meios de comunicação. Manter-se isolados jamais tem sido uma boa estratégia para as minorias”.

De fato, já alguns dirigentes da Igreja sentem que o governo de Togo escolheu pessoas para acusá-la arbitrariamente dos assassinatos de várias jovens em maio de 2011.

Gibert Wari, presidente da Divisão da África Centro Ocidental da Igreja Adventista, foi citado num informe da RAN do último dia 27 de setembro de 2012, quando expressou: “No início pudemos ver que o governo cria que estava lidando com uma pequena igreja periférica, mas agora com esse nível de apoio e mobilização, podem ver que a Igreja Adventista é uma igreja mundial”.

Oficiais de Cabo Verde, país de origem de Monteiro, há pouco publicaram on line seus planos de continuar levando a cabo esforços diplomáticos para garantir a libertação de Monteiro. Jorge Carlos Fonseca, presidente de Cabo Verde, está enviando um embaixador a Togo com o propósito específico de acompanhar o caso, segundo é detalhado num anúncio do último dia 9 de julho de 2013.

No próximo dia 27 de julho, a IASD promoverá uma vez mais um dia de oração para pedir a libertação de Monteiro por todo o mundo. Dezenas de milhares de congregações estão planejando participar numa demonstração de apoio ao completar-se o 500° dia desde sua detenção.

Contudo, não importa como resulte a situação, dirigentes adventistas de Togo dizem que os membros estão desejosos de seguir servindo à comunidade, patrocinando eventos como mentores dos jovens e ajudando os necessitados por meio da obra assistencial.

“Queremos a reconciliação com o governo de Togo depois que Monteiro for libertado da prisão”, disse Roger. “Mas no momento, só queremos é que ele seja libertado”.

—Se desejar mais informação visite o sítio internético pray4togo.com.

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