Uma das mentes mais brilhantes do Vale do Silício desafiou 400 líderes mundiais da Igreja Adventista do Sétimo Dia a criarem um clima de inovação em todos os níveis da denominação. "Creio que a aspiração é o melhor seguro contra a irrelevância”, declarou o especialista em administração, Gary Hamel, num discurso para o programa de formação em Desenvolvimento de Liderança em Educação (LEAD), que antecedeu a abertura do Concílio Anual da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em 11 de outubro. "Nenhuma organização supera suas próprias aspirações".
Hamel, citado pelo ‘The Wall Street Journal’ como o pensador de negócios mais influente do mundo, encorajou os líderes a estarem cientes da mudança de clima entre seus liderados. Em geral, segundo ele, a sociedade está mudando a maneira como vê e interage com instituições como a Igreja, por vezes tornando essas instituições menos eficazes: "Toda organização de sucesso é bem sucedida até não mais ser", disse, acrescentando: "como seres humanos, somos todos suscetíveis à negação”.
O programa LEAD é parte de um esforço para introduzir os tomadores de decisão da Igreja Adventista do Sétimo Dia nas atuais inovações e melhores práticas em liderança por todo o mundo.
Hamel é um dos fundadores da Strategos, empresa internacional de consultoria de gestão. Seus livros incluem "What Matters Now", um guia para a formação de organizações que prosperam em meio à incerteza e prioridades em mudança.
Ele instou os líderes adventistas a facilitarem a experimentação e a mudança dentro das fileiras da organização: "O ritmo de mudança é, em última análise, a questão de quanta experimentação está em processo dentro dessa organização", disse Hamel. "O trabalho de todo líder é certificar-se de que a mudança sempre pareça mais interessante do que ficar para trás”.
Hamel lembrou que conquanto verdades divinamente dadas sejam eternas, as estruturas das organizações para comunicar as verdades podem e devem se adaptar aos tempos : "Nós não adoramos a tradição, e sim um Senhor ressuscitado", disse ele.
Tomando por base sua experiência em consultoria no epicentro da indústria de alta tecnologia dos Estados Unidos, a famosa área do "Silicon Valley" [Vale do Silício], entre San Jose e San Francisco, Califórnia, ele observou que a empresa Google se esforça por ter 5.000 experimentos que visem a melhorar a tecnologia da empresa de busca por computador a cada ano, com a expectativa de que um número significativo produzirá resultados para a empresa. "Basicamente, toda grande empresa tem um laboratório de inovação no Vale do Silício", lembrou ele. "Talvez a Igreja [Adventista do Sétimo Dia] precise de um laboratório de inovação, também”.
Hamel disse que embora a Igreja esteja comprometida com a redenção, renovação e reconciliação, há momentos em que programas, políticas ou práticas estabelecidas obscurecem a mensagem central. "A única maneira em que você realmente sabe que está comprometido é se estiver disposto a sacrificar alguns desses hábitos, algumas dessas estruturas, para esses comprometimentos", disse ele.
G. T. Ng, secretário-executivo da Igreja Adventista a nível mundial, disse que as apresentações anteriores de Hamel para o departamento de Secretaria inspiraram o convite para falar à liderança no Concílio deste ano. Ng disse que a Igreja pode aprender muito com a mensagem de Hamel.
"A Igreja em diferentes níveis poderia fazer mais para superar a inércia para mudança em termos de metodologias, maximizar o uso de tecnologia, manter o ritmo com um mundo em rápida mudança", comentou Ng. "Provavelmente poderíamos fazer melhor em capacitar os membros leigos para a missão, eliminando ou reduzindo a burocracia. Na Secretaria já tomamos medidas nesse sentido. O exemplo da Divisão do Sul do Pacífico em reduzir operações para alocar mais dinheiro para missões é um boa mostra disso”.
A conferência LEAD começou quinta-feira à noite com apresentações de monta, destacando pesquisas sobre a mensagem de saúde da Igreja. Fred Hardinge, diretor-associado do departamento de Ministérios de Saúde da Igreja a nível mundial, abordou evidências científicas sublinhando a mensagem adventista de saúde. Depois de citar vários estudos que respaldam vários pontos, ele observou que apenas apresentar educação em saúde não é suficiente. "Esta mensagem não deve ser separada da mensagem do evangelho. Alguns dos efeitos da promoção da mensagem de saúde foram confirmados pela ciência, mas os cientistas mais habilidosos e perceptivos de hoje não podem trazer os mortos à vida", disse Hardinge. "Jesus é o único doador da vida, e Ele é o único doador de saúde”.
Kathleen Kuntaraf, também diretora-associada dos Ministérios de Saúde, discutiu como os princípios adventistas de saúde podem ajudar na luta contra as doenças não-transmissíveis. "Deus realmente cuida de nós e nos deu esta prescrição holística para o nosso próprio bem", disse ela. "No entanto, a luta entre fazer boas e más escolhas para a nossa saúde é contínua”.
E Peter Landless, que recentemente assumiu a liderança do departamento de Ministérios de Saúde, destacou a importância de compartilhar a educação em saúde com o mundo em geral no tempo do fim: "O mundo enfrenta desafios sem precedentes, tanto nos países desenvolvidos quanto nas economias emergentes, com as questões de obesidade, diabetes tipo II, hipertensão arterial, doenças relacionadas com o fumo e doença arterial coronariana. Somos chamados não só a praticar a temperança em nossas vidas, desfrutar a vantagem de saúde que nos tem sido tão generosamente dada, mas também compartilhá-la com um mundo quebrantado e moribundo".
Seguindo-se à mensagem de Hamel na manhã de sexta-feira, estudos de casos hipotéticos e reais de situações de liderança foram apresentados aos líderes da Igreja. Uma equipe de teatro de estudantes da Universidade Adventista de Washington apresentou um esquete colocando os argumentos do "Dr. Evan Keel Church" contra os do membro "Youneeda Change" {nomes fictícios em jogo de palavras—Dr. Evan Mata Igreja versus Você Precisa de Mudança, em tradução livre}, pedindo que a audiência decidisse a melhor forma de implementar mudanças.
Dois outros estudos de caso, embora hipotéticos, também refletiram os desafios que muitos administradores enfrentam. Um teve por enfoque um hospital adventista que já foi um líder local, mas tinha decaído em tempos difíceis, e outro dizia respeito a um pastor dinâmico que, quando elevado a uma posição de liderança viu-se incapaz de obter cooperação e começou a impor-se ditatorialmente. Em cada um desses casos, perguntas da platéia foram concebidas para orientar os líderes a uma maior compreensão de como lidar com tais situações visando a melhorias.