Levantamento histórico revela percepção de membros da Igreja Adventista sobre crenças e outras questões

Global research offers ‘snapshot’; Sabbath School teachers highly ranked

Silver Spring, Maryland, United States | Edwin Manuel Garcia/ANN

A mais ampla pesquisa já realizada sobre as atitudes, crenças, experiências e práticas espirituais dos adventistas do sétimo dia reforçou algumas suposições de longa data sobre a afirmação positiva dos fiéis da denominação, no entanto, revelou uma tendência emergente em direção a secularização que é preocupante para alguns líderes da igreja.

Entre os resultados mais significativos, com base em dezenas de milhares de pesquisas por todo o mundo: 

• Professores da Escola Sabatina foram avaliados mais elevadamente do que pastores e anciãos, quando os membros da Igreja foram indagados sobre quem era mais amigável, mais caloroso, mais solidário e teve um efeito positivo em suas vidas espirituais.

• Cerca de três quartos dos adventistas abraçam fortemente o ministério profético da co- fundadora da IASD, Ellen G. White.

• Apenas cerca de uma em cada três famílias realiza culto diário.

• Quase metade dos estudantes universitários e graduados recentes de faculdades disseram que se deve aceitar homossexuais praticantes como membros regulares da Igreja.

• Cerca de 9 em cada 10 pessoas que deixaram a Igreja Adventista nunca foram contatados por seu pastor depois que pararam de frequentar as reuniões congregacionais.

Os resultados, divulgados nesta semana para delegados do Concílio Anual da Associação Geral de 2013, na sede da Igreja em Silver Spring, Maryland, foram encomendados pelo Escritório de Arquivos, Estatística e Investigação dois anos e meio atrás.

A pesquisa foi baseada em cinco projetos separados. Ela consistiu de 41.000 entrevistas ou questionários por todo o mundo; envolveu 4.260 pastores, quase 26 mil membros da Igreja; 1.200 estudantes universitários e recém-formados, e 900 ex-adventistas. Equipes de universidades adventistas estiveram envolvidas nesse esforço sem precedentes em vários conteúdos da pesquisa.

“Em termos de amplitude e profundidade”, disse David Trim, diretor do escritório de pesquisa da Igreja, “este é o melhor retrato que já tivemos da Igreja por todo o mundo”.

Antes de apresentar os resultados de centenas de administradores da Igreja, Trim alertou o público para não se julgar precipitadamente. “Os dados são o que são”, esclareceu Trim. “O que isso significa, é outra coisa”.

Os resultados desmentiram suposições de longa data sobre a composição de gênero da denominação: a Igreja é composta de 57 por cento do sexo feminino, e 43 por cento do sexo masculino–um dado bem diverso da crença de que 65 por cento dos adoradores são do sexo feminino e 35 por cento do sexo masculino.

Os resultados também mostraram uma igreja que é jovem–54 por cento dos membros por todo o mundo estão entre as idades de 16 e 40 anos, o que apresenta duas desvantagens, de acordo com Trim. Por um lado, os membros mais jovens podem também ser chamados rapidamente para posições de liderança administrativa na denominação sem a experiência adequada. Além disso, os líderes mais velhos podem precisar de treinamento para aprender a compreender e trabalhar de forma eficaz com a geração mais jovem.

Apenas 10 por cento dos membros da Igreja no mundo tem mais de 60 anos, e a maior proporção de idosos fiéis está na América do Norte, Europa e Japão. Em contraste, Trim disse: “Nossa Igreja na América Latina e África, em particular, é uma igreja muito jovem”.

Os resultados continham vários pontos positivos, esclareceu Trim, incluindo uma estatística que mostra que 53 por cento dos entrevistados afirmaram que a lição da Escola Sabatina adulta ajudou “muito” no desenvolvimento da sua vida religiosa.

A lição da Escola Sabatina, talvez não surpreendentemente, é menos popular entre os fiéis na América do Norte, partes da Europa, e em torno da Austrália. “Como alguém que é ao mesmo tempo da Austrália e da Europa, casado com uma americana”, Trim disse brincando, “vou aceitar a culpa por todas essas coisas. Somos pessoas muito cínicas na América, Austrália e Europa”.

Outra “história de sucesso”, comentou Trim, foi que 92 por cento dos adventistas têm uma convicção esmagadora de que o sábado do sétimo dia é o verdadeiro sábado, e apenas 3 por cento discordam (sendo que a margem de erro da pesquisa em particular era de 3 por cento, talvez pudesse significar desacordo zero).

Os resultados também apontaram para várias áreas consideradas problemáticas, como as pessoas que saem da Igreja despercebidamente, e a influência de valores seculares infiltrando-se na Igreja, Trim disse.

Curiosamente, a grande maioria dos membros inativos e ex-membros não estão rejeitando a mensagem e missão da Igreja. “Eles estão se deixando levar pela forte dinâmica da sociedade contemporânea longe de formas estabelecidas de atividade religiosa”, disse Trim. “O estofo da maioria das igrejas adventistas locais não é suficiente para conter esta onda”. Acentuou, então, aos delegados: “Irmãos e irmãs, acho que este é um verdadeiro desafio para nós”.

Embora apenas 9 por cento dos adventistas foram contatados por seu pastor depois que pararam de frequentar a igreja, ex-membros em grande número disseram que tinham sido visitados por pessoas idosas ou outros membros da igreja. No entanto, os resultados mostram que 4 em cada 10 adventistas saíram da Igreja sem nunca terem sido contactados por alguém.

O fato de membros desaparecerem de modo despercebido é uma “tragédia”, definiu Trim.

De 2000 a 2012, mais de 13,6 milhões de pessoas se uniram à Igreja, principalmente através do batismo. Mas, durante o mesmo tempo, 5,9 milhões de adventistas foram perdidos (o que não inclui os que morreram). Esse é um índice de perda de cerca de 43,4 por 100 novos convertidos. “Isso é muito alto”, disse Trim.

Aproximadamente 90 por cento dos entrevistados concordaram fortemente que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a verdadeira Igreja de Deus dos últimos dias com uma mensagem para preparar o mundo para a Segunda Vinda de Cristo. Quando perguntados se esperam que o mundo acabe dentro dos próximos 20 anos, apenas 22 por cento dos entrevistados concordaram fortemente, e 45 por cento discordaram fortemente, Trim disse. “Não é que as pessoas não acreditem que Jesus está vindo, mas parece ser algum tipo de ceticismo quanto à brevidade de Sua vinda”.

A pesquisa concluiu que a secularização não se limita mais à América, Europa e Austrália. “É uma sociedade globalizada”, lembrou Trim. “As pessoas estão assistindo aos mesmos programas de televisão, lendo os mesmos aplicativos e sites em seus telefones e computadores, e a secularização é um problema”.

Seguindo-se à apresentação, o vice-presidente Benjamin Schoun reconheceu que desafios de fato estão à frente. “Temos muito a aprender e provavelmente teremos que incorporar esses resultados em nosso planejamento estratégico”, afirmou, “porque é um quadro muito preocupante em alguns casos, embora tenhamos os nossos pontos fortes também."

 

 

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