Pastor Antônio Monteiro libertado da prisão em Togo

Fim de quase 22 meses de detenção arbitrária; outros ainda na prisão depois de serem condenados

Silver Spring, Maryland, United States | ANN staff

O pastor adventista do sétimo dia, Antônio Monteiro, foi libertado da prisão nesta tarde em Lomé, Togo, terminando uma provação de quase dois anos que o manteve, bem como a outros quatro detidos, sob a acusação de conspiração para cometer assassinato num caso que chamou a atenção do mundo adventista.

Monteiro foi libertado da Prisão Civil de Lomé às 4:30 de hoje depois de ser absolvido num veredito do tribunal ontem. Ainda em prisão permanece o membro da Igreja Adventista, Bruno Amah, que foi condenado por um júri e condenado à prisão perpétua. Ele está considerando suas opções legais, incluindo recorrer da decisão.

Monteiro foi hoje recebido do lado de fora da prisão por sua equipe de advogados e funcionários da União Missão Adventista do Sahel da denominação, onde Monteiro vinha trabalhando desde 2009 como diretor de Ministérios da Família. Monteiro é um nativo da ilha de Cabo Verde, e espera-se que volte para lá em breve.

O Presidente da Igreja Adventista, Ted N. C. Wilson falou por telefone com Monteiro, que agradeceu à Igreja Adventista por seu apoio por todo o mundo. Milhões de adventistas do sétimo dia em todo o mundo tinham realizado vigílias de oração, lançado campanhas de mídia social, patrocinado iniciativas de redação de cartas a funcionários do governo e diplomatas, organizado conferências de imprensa e liderado uma campanha de assinaturas para pedir a libertação de Monteiro e outras pessoas envolvidas no caso.

Autoridades da Igreja expressaram "sentimentos mistos" sobre decisão judicial de ontem, que absolveu alguns e condenou outros.

"A absolvição do Pastor Monteiro é uma boa notícia e estamos felizes por ele e sua família. Estamos surpresos e muito triste com a condenação de Amah", declarou ontem John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista a nível mundial. 

As prisões e detenções se desenrolaram após uma série de homicídios em setembro de 2011. Cinco homens, incluindo Monteiro e Amah, foram detidos em março de 2012 e mantidos sem julgamento e exclusivamente sob a acusação de um homem que foi descrito como um "mentiroso patológico" num exame psiquiátrico por ordem judicial. Esse homem, chamado Kpatcha Simliya, também foi detido e igualmente condenado a prisão perpétua na decisão de ontem. 

Dependendo de diferentes fontes da imprensa e da polícia, mais de uma dúzia de corpos de mulheres entre as idades de 12 e 36 anos haviam sido encontrados no subúrbio de Aguê, ao norte de Lomé, em 2011. Os corpos apresentavam sinais de esfaqueamento e alguns órgãos sexuais tinham sido removidos. Sangue e órgãos são muitas vezes utilizados em cerimônias de vudu (tipo de macumbaria), que é amplamente praticado no Togo. Quando nenhuma prisão foi feita, o público exigiu justiça para os assassinatos, disseram os líderes da Igreja.

Simliya mais tarde foi mostrado na televisão cercado por policiais, contando a história da série de assassinatos que disse ter organizado, indicando nomes de cúmplices que coletaram sangue e órgãos. Mas grande parte da história se mostrou improvável, incluindo o número de vítimas e os métodos utilizados, de acordo com o examinador médico legista de Simliya. "Qualquer homem bem informado e de mente equilibrada teria dúvidas quanto à incrível realização ou viabilidade de seus crimes ou supostos crimes”, afirmara o exame psiquiátrico determinado pelo tribunal em 9 setembro de 2012, que foi passado em revista pela RAN (Rede Adventista de Notícias).

Simliya mais tarde veio a se retratar de sua acusação, dizendo que foi espancado pela polícia e forçado a dar nomes de pessoas que supostamente sabia serem co-conspiradores numa rede de tráfico de sangue, de acordo com o exame psiquiátrico.

Ainda assim, o seu testemunho, a única evidência no caso, foi suficiente para levar às condenações na decisão de ontem.

Autoridades da Divisão Centro-Oeste Africana, da denominação adventista, com sede em Abidjan, Costa do Marfim, disseram que Monteiro receberá cuidados adequados no retorno para sua casa, em Cabo Verde.

 

 

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