Adventistas se unem a outros na oposição à mutilação genital feminina

06 de fevereiro é o Dia Internacional de Tolerância Zero Para a MGF

Silver Spring, Maryland, United States | Ansel Oliver/ANN

06 de fevereiro é o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, e adventistas do sétimo dia estão entre os muitos grupos religiosos, ONGs e entidades que trabalham para acabar com a prática.

A MGF muitas vezes referida como circuncisão feminina, é praticada em cerca de 30 países da África e da Ásia. As meninas são submetidas a procedimentos que intencionalmente alteram ou causam ferimentos em seus órgãos genitais por motivos não-médicos, muitas vezes como parte de uma tradição cultural ou cerimônia de iniciação à idade de puberdade. 

A MGF é muitas vezes vista como um símbolo de status e alguns profissionais dizem que controla a sexualidade e promove a castidade. Seus efeitos incluem muitas vezes a infecção, dor crônica e infertilidade. A Organização das Nações Unidas proibiu a prática em 2012. A Organização Mundial da Saúde estima que 140 milhões de mulheres são vítimas. 

Muitas pessoas, especialmente nos países ocidentais, não estão conscientes da MGF e muitas vezes ficam chocadas ao saberem sobre isso. Os adventistas do sétimo dia se opõem à prática, de acordo com um documento adotado pela Comissão de Visão Cristã da Vida Humana em 2000.

“Nossa Igreja deve continuar a procurar formas de amor para desencorajar essa prática, bem como para educar dos seus perigos”, disse o Dr. Peter Landless, diretor de Ministérios de Saúde da Igreja Adventista a nível mundial. “É nosso desejo que as mulheres jovens cresçam de forma natural como Deus as criou”. 

Landless instou a que se respeitasse a cultura e sensibilidade daquelas que são vítimas do processo. “É muito importante que nós não adicionemos inadvertidamente insulto à injúria a esse procedimento mutilador inferindo que tais pacientes se tornam irreversivelmente objeto de vergonha”, disse Landless. “Tal atitude ou abordagem pode dar-lhes a sensação de que são menos do que pessoas normais. Além disso, há milhões de mulheres afetadas e é preciso preocupar-se para que a questão não se torne um confronto de culturas, ao invés de uma preocupação compassiva para o bem-estar das mulheres e de sua condição na sociedade”.

Heather-Dawn Small, diretora dos Ministérios da Mulher para a Igreja Adventista a nível mundial, disse que seu departamento na sede mundial e suas afiliadas em comunidades locais continuam a levantar a conscientização para o problema, a fim de acabar com ele. “Estamos fazendo o que podemos para ajudar e curar nossas irmãs que sofreram MGF através da criação de casas para as vítimas, alcançado a comunidades onde a prática é perpetrada em jovens para ajudar a acabar com esta prática por meio da educação”.

Um país onde a Igreja Adventista tem trabalhado para combater a mutilação genital feminina é o Quênia. O Centro de Socorro Kajiado é uma casa de resgate e centro de educação para garotas que celebra a adolescência com um rito alternativo. “É vista como uma bênção por muitas famílias em muitas aldeias”, disse Denise Hochstrasser, diretora dos Ministérios da Mulher da Divisão Inter-Europeia da Igreja Adventista, que ajuda a patrocinar o projeto. 

Já, o governo do Quênia tem trabalhado para erradicar a MGF. Em 2001, a Lei da Criança criminalizou a sujeição de crianças à MGF, e a nova Constituição, que foi aprovada em 2010, dispõe de cláusulas destinadas a proteger as crianças contra qualquer prática cultural que lhe seja prejudicial à saúde.

A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) também tem trabalhado no Quênia com projetos anti-MGF ao longo dos anos. Um projeto recente ajudou a educar mais de 2.500 pessoas sobre o assunto por jovens executando canções e esquetes sobre o tema para as suas famílias e funcionários do governo. Além disso, a iniciativa treinou 189 instrutores para trabalhar com líderes comunitários em suscitar conscientização ao problema. O programa também ajudou a apoiar aqueles que anteriormente realizavam MGF com outras atividades geradoras de renda.

Este ano a ADRA está implementando um programa chamado Programa de Capacitação Para Garotas, na província ocidental do Quênia de Nyanza. O projeto vai oferecer um curso de habilitação de 10 semanas, que inclui relacionamentos saudáveis ​​e os perigos da MGF. “Sendo uma parte dos esforços da Igreja nessa iniciativa global, despertar conscientização para essa questão é apenas uma das muitas maneiras em que a ADRA se empenha em capacitar mulheres e meninas em todo o mundo”, disse Jason Brooks, um gerente sênior de programa da ADRA. 

Além disso, na Alemanha no ano passado, o Hospital Adventista de Berlim abriu o Centro Flor do Deserto, um centro cirúrgico de reconstituição de MGF em parceria com a top model Waris Dirie, uma das defensoras mais proeminentes do mundo contra a MGF. 

“Como sempre, a Igreja Adventista procura restaurar a imagem do Criador e para evitar a adição de tristeza e dor àqueles em sofrimento”, disse Landless, diretor de Ministérios de Saúde da Igreja.

 

 

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