Na Europa, os adventistas apelam à Aliança do Domingo para não discriminar

Objetivo de promover o equilíbrio entre trabalho e vida poderia sair pela culatra contra as minorias religiosas, dizem especialistas

Silver Spring, Maryland, United States | ANN staff

Uma aliança para promover o equilíbrio entre a vida profissional e a coesão social na Europa reiteirou o seu apelo por domingos sem trabalho numa conferência em Bruxelas, na Bélgica, no mês passado.

A Aliança Europeia Pelo Domingo, uma coalizão de alianças dominicais nacionais, sindicatos, organizações da sociedade civil e comunidades religiosas estabelecida em 2011, está realizando pressão junto ao Parlamento Europeu, mas continua a causar problemas aos defensores da liberdade religiosa.

Na Segunda Conferência de Domingos Sem Trabalho e Emprego Decente, a aliança lançou um compromisso visando aos membros atuais e futuros do Parlamento Europeu, pedindo aos legisladores que promovam uma legislação que “respeite” o domingo como “dia de descanso” e garanta horas de trabalho justas.

“Um domingo isento de trabalho e horas decentes de trabalho são de suma importância para os cidadãos e os trabalhadores em toda a Europa”, um documento distribuído pela aliança dizia, acrescentando que a ampliação da semana de trabalho para “tarde da noite, noites, feriados e domingos” está pondo em risco a saúde, segurança, vida famíliar e privada dos trabalhadores.

A aliança também argumenta que uma semana de trabalho mais longa, com menos feriados, não é a resposta para a Europa, cercada por problemas financeiros—em vez disso favorece a criação de empregos e a competitividade. “Competitividade requer inovação, inovação exige criatividade e criatividade precisa de recreação”, afirma o documento.

Argumentos econômicos à parte, as minorias religiosas na Europa—entre as quais muçulmanos, judeus e adventistas do sétimo dia—preocupam-se com que a proposta venha a infringir na liberdade de expressão das crenças religiosas, apesar de suas metas aparentemente bem-intencionadas de reduzir o estresse e o excesso de trabalho.

“Milhões de cidadãos europeus pertencentes a minorias religiosas podem ser afetados pelas aspirações da lei dominical da União Europeia”, declarou Liviu Olteanu, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Divisão Inter- Europeia da Igreja Adventista (EUD).

Num comunicado à imprensa de 21 de janeiro, a EUD endossou a posição de Hannu Takkula, um membro finlandês do Parlamento Europeu, que se manifestou contra os domingos sem trabalho. “A legislação nunca deve discriminar por motivos religiosos. Uma lei de criação de domingo como dia sem trabalho universal faria exatamente isso”, disse Takkula num recente comunicado à imprensa. 

“A liberdade de religião e de crença é um valor europeu essencial. . . . A União Europeia tem de garantir a todos os direitos e liberdades iguais para a celebração do dia de descanso de suas convicções”, acrescentou.

John Graz, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista a nível mundial, disse que estava satisfeito por Takkula e outros membros do Parlamento tomarem uma posição clara contra os domingos sem trabalho. “Nós instamos todos os legisladores na Europa a proteger os direitos de todas as pessoas de fé, incluindo aqueles que não observam o domingo como dia de descanso”, disse Graz.

Os adventistas na Europa têm questionado os efeitos de domingos sem trabalho desde que a Aliança Europeia do Domingo foi estabelecida. Em 2011, Raafat Kamal, diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Igreja Adventista no Norte da Europa, disse que os adventistas “apoiam a noção de que as pessoas precisam de um dia de descanso para obter um equilíbrio entre a profissão e a vida”, mas “ao mesmo tempo, queremos ter certeza de que aqueles que não observam o domingo como dia de descanso religioso designado sejam respeitados”.

Agora, Olteanu está apelando diretamente aos membros do Parlamento Europeu a “não interferirem nos assuntos relacionados com a liberdade religiosa e a liberdade de consciência, propondo ou aceitando leis que afetem a liberdade religiosa das minorias religiosas”.

Olteanu incentivou os membros da Igreja Adventista na Europa a orarem pela situação e entrarem em contato com os seus respectivos membros do Parlamento ou candidatos do Parlamento Europeu, fazendo ‘lobby’ por suas liberdades religiosas. “Devemos comprometer-nos com sabedoria, equilíbrio e uma atitude positiva como sendo embaixadores da liberdade, esperança e paz, amando os outros, mas buscando sempre promover e defender a liberdade religiosa para todas as pessoas”, disse Olteanu.

 

 

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