Inovação, fundamental para a relevância na nova ‘economia da atenção’, especialistas em mídia dizem

Conferência adventista de tecnologia da comunicação destaca necessidade de ‘mentalidade criativa’

Linthicum Heights, Maryland, United States | Elizabeth Lechleitner/ANN

Empurrar os limites já não é suficiente. A tecnologia adventista do sétimo dia e os profissionais da mídia na Conferência da Rede Adventista Global de Internet (GAiN) deste ano foram desafiados a deixar as fronteiras no espelho retrovisor ou correr risco de se tornar irrelevante. 

Falando no culto matinal de 13 de fevereiro, Pardon Mwansa, vice-presidente geral para a Igreja Adventista a nível mundial, disse a centenas de profissionais de Web que a “mentalidade de fronteira” e a “mentalidade de expansão” estão limitando o âmbito da missão e ministério adventistas. Uma mentalidade de fronteira é estrangulada pelas tradições; uma mentalidade de expansão é um conteúdo reimaginando essas tradições. O que é necessário em vez disso, ele disse, é uma “mentalidade de criação”.

“É mais fácil ir aonde outros já foram. Mas quem são os que têm melhorado este mundo? Pessoas que romperam os limites”, lembrou Mwansa, citando exploradores pioneiros, líderes de direitos civis e inovadores de tecnologia.

“Nós não vamos chegar a lugar nenhum com uma mentalidade de fronteira”, disse ele a 400 participantes da reunião do 400GAiN no Centro de Conferências do Instituto Marítimo em Linthicum Heights, Maryland, Estados Unidos. 

A autora e consultora de marketing Martha Gabriel expandiu essa noção em sua exposição de 14 de fevereiro, descrevendo o que chamou de “platôs de simplicidade”, em que uma organização se vê estagnada num um nível de tecnologia que chegou a dominar. “Não podemos ficar aqui. Conheça o próximo nível que precisa conquistar”, disse ela.

E, talvez mais importante, acrescentou, é conhecer o seu público. Na atual “economia da atenção”, mensagens competem por relevância, disse Gabriel. “Você precisa entender o que faz com que o coração de seu público bata mais rápido. Se não for parte da mensagem que querem ouvir, você será parte do ruído”, afirmou.

Organizações que se desenvolvem na economia da atenção sabem que a moeda de pensamentos e informação não é mais suficiente para ter sucesso. “As idéias por si só são inúteis. O que precisamos agora são pessoas que façam as coisas acontecer”, aduziu Gabriel. 

Para o pastor Adventista Sam Neves e uma equipe de desenvolvimento da União Associação Britânica da Igreja, isso significava não ficar esperando que a Igreja fosse atrás de um jogo no estilo de quadrinhos chamado “Heroes”. O primeiro jogo adventista do sétimo dia para iPhone e iPad, “Heroes”, foi baixado 3.000 vezes nas primeiras 48 horas de seu lançamento, triplicando o patamar que os analistas dizem que um aplicativo móvel deve reunir na primeira semana para ser considerado bem sucedido.

No último dia do GAiN, o departamento de Ministérios da Juventude da Igreja Adventista a nível mundial assinou um acordo para ajudar a apoiar o lançamento do “Heroes” para Android. 

Pardon Mwansa, vice-presidente geral para a Igreja Adventista a nível mundial, desafia os profissionais de mídia a traçarem um novo rumo para a tecnologia adventista. O jogo reintroduz os jogadores a personagens bíblicos—tais como  Abraão, David e Ester—enquanto testa o seu conhecimento da Bíblia com perguntas e testes. Os jogadores podem comparar os resultados com os seus amigos no Facebook. No GAiN, uma demontração do jogo pôs em disputa jogadores da Divisão Trans-Europeia da Igreja com outras Divisões.

“Percebemos que para transmitir um senso de identidade para uma nova geração, precisamos lembrá-los quem são os seus heróis”, disse Neves. “E que melhor maneira haveria do que usar um meio com o qual  estão muito familiarizados?”

Na verdade, disse Daryl Gungadoo, engenheiro de distribuição e de rede para a Rádio Mundial Adventista Europa a “gamificação” é a nova fronteira e as empresas bem-sucedidas vão encontrar maneiras de envolver o seu público com jogos. Ele citou um exemplo da Suécia, onde uma campanha de marketing da Volkswagen transformou as câmeras de controle de velocidade, frequentemente detestadas, numa loteria em que as pessoas que dirigem no limite de velocidade são incluídas automaticamente num grupo para ganhar as multas pagas por motoristas que o excedem. 

Outro apresentador desafiou o popular ditado de que “o conteúdo é rei” nos meios de comunicação social. Sonja Kovacevic, gerente de conteúdo de LIFEconnect na Divisão Trans-Europeia da Igreja, propôs em vez disso, “o público é rei”.  “[Nosso público] prefere confiar em alguém que conhece. As pessoas chegam a nos conhecer quando oferecemos conteúdo útil. Chegam a gostar de nós quando desfrutam do nosso conteúdo. E chegam a confiar em nós quando o nosso conteúdo é credível, coerente e grátis”, disse Kovacevic. 

O empresário e filantropo brasileiro Milton Soldani Afonso recebeu a NetAward [premiação anual] do Presidente da Igreja Adventista, Ted N. C. Wilson. Afonso foi fundamental no estabelecimento e financiamento de utilização de mídia da Igreja Adventista do evangelismo na América do Sul. “Mais do que o seu dinheiro, a sua visão de comunicação e tecnologia para a Igreja tem sido sua maior contribuição”, disse Williams Costa Jr., diretor de comunicação da Igreja Adventista a nível mundial.

A conferência do GAiN deste ano também contou com uma apresentação por Antonio Monteiro, que foi liberto no mês passado de uma prisão no Togo depois de quase dois anos de detenção. Monteiro e outros quatro foram acusados de conspiração para cometer assassinato num caso que chamou a atenção da Igreja Adventista a nível mundial.

Em dezembro de 2012, uma campanha de mídia social apelando por um dia de oração ajudou na conscientização da situação no Togo. Participantes do Facebook interagiram no conteúdo de “Ore por Togo” mais de 50.000 vezes, enquanto o Twitter hashtag do evento chegou a mais de 7 milhões de usuários. Mais tarde, uma petição da Change.org para libertar Monteiro alcançou mais de 60.000 assinaturas. 

Monteiro recebeu milhares de cartões de Natal durante a campanha de dezembro de 2013 para encorajar os adventistas na prisão sob falsas acusações, forçados a passar os feriados separados da família. “Eu disse à minha mulher: ‘Vamos colá-los numa parede de nossa casa’”, disse Monteiro, agradecendo a sua família eclesiástica por todo o mundo pelo apoio durante uma provação que, diz, ele, testou e fortaleceu a sua fé.

reportagem adicional por Ansel Oliver

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