A Igreja Adventista alcança 18,1 milhões de membros

No entanto, diz o secretário NG, não se deve esquecer a “séria perda” de membros

Silver Spring, Maryland, United States | Andrew McChesney/Adventist Review

A membresia da Igreja Adventista totalizou 18,1 milhões de membros, pela primeira vez na sua história, mas G. T. Ng, secretário da Igreja a nível mundial, acredita que não há motivo para comemorar.
 
Ng expressou consternação com as pesadas perdas.
 
“É fácil batizá-los, mas muito mais difícil conservá-los”, disse Ng em entrevista.
 
“A retenção e o nutrimento devem fazer parte do mesmo lado da moeda, mas, aparentemente, batismos são mais atraentes: ‘Vejam quantos foram batizados’”, comentou. “Mas e o alimentá-los? Quem se importa? Eu nada ganho’. Por isso temos um problema intrínseco: perdas, perdas severas. Mas muitos não falam sobre isso”.
 
Ng, contudo, se referiu especificamente ao problema no domingo, quando apresentou o relatório anual de membros perante os delegados do Concílio Anual, uma das mais importantes reuniões administrativas anuais  dos líderes adventistas da sede mundial da denominação em Silver Spring (Maryland, EUA).
 
O número de membros cresceu 1,5 por cento, para 18.143.745, em comparação com 17.881.491 no ano passado, segundo dados apresentados. Pelo décimo ano consecutivo, uniram-se à Igreja mais de um milhão de pessoas--1.091.222--para ser exato, mas, ao mesmo tempo, um número recorde de 828.968 pessoas foram apagadas dos registros por motivo de morte, abandono da Igreja ou desaparecimento.
 
Algumas das perdas refletem o impulso contínuo de igrejas locais em auditar os seus livros para eliminar os nomes dos membros que não podem ser contatados e que faltaram às reuniões da igreja por muito tempo, disse David Trim, arquivista da Igreja Adventista a nível mundial, que compila os dados.
 
Sem essa auditoria, a membresia atingiria 25 milhões hoje, disse Ng.
 
Oferecendo outra estatística difícil, Ng disse que nos últimos 40 anos, batizaram-se 31,8 milhões de pessoas enquanto 11,4 milhões foram excluídas ou desapareceram. O número não inclui os membros falecidos.
 
Muitos dos que saíram fizeram-no porque a igreja não os nutriu corretamente, Ng opinou na entrevista.
 
Num exemplo recente, os últimos adventistas batizados depois de uma campanha evangelística numa pequena aldeia no norte da Índia, em 2005, depois reconverteram-se ao hinduísmo no final de agosto deste ano. O incidente, que alcançou as manchetes de jornais na Índia, criou temores entre os cristãos de que foram reconvertidos à força, algo ilegal no país.
 
No entanto, uma força-tarefa Adventista enviada para a aldeia de Asroi constatou que desde que foram batizados em 2005, os 33 ex-adventistas haviam recebido pouco apoio por parte dos líderes da Igreja, e ao mesmo tempo tinha sido fortemente procurados por ativistas hindus. Apenas cerca de seis pessoas estavam nos livros da igreja quando ocorreram as reconversões.
 
Os líderes da Divisão Sul da Ásia, que inclui a Índia, têm refletido sobre a situação depois de tal perda. “Precisamos alimentar, especialmente os novos, e ajudá-los a serem enraizados na Palavra”, disse T. P. Kurian, Diretor de Comunicação da Divisão Sul da Ásia, numa comunicação eletrônica recente.
 
No domingo, Ng também defendeu a prática de contar os membros, e disse que não podia ser comparado com o censo ordenado Antigo Testamento o rei Davi em Israel, o que resultou numa punição divina. Ng disse que as ações de Davi foram uma demonstração de arrogância e orgulho.
 
“Quando na igreja contamos os membros da Igreja, temos que fazê-lo com humildade”, disse ele.
 
A contagem, segundo ele, é simplesmente “um relatório sobre o que o Senhor fez”.
 
Ng aprofundou-se nesse ponto da entrevista, referindo-se a três das parábolas de Jesus em Lucas 15.
 
“Não há nada de intrinsecamente errado em contar”, disse ele. “Afinal de contas, nas três parábolas que Jesus também contou, não é mesmo? A mulher tinha dez moedas e descobriu haver perdido uma. O pastor contou 99 ovelhas. O pai perdeu um filho. Portanto, não há nada de errado”.
 
Entre as estatísticas restantes, Ng observou que o crescimento estava estagnado nos países do hemisfério Norte e Austrália, mas teve um crescimento explosivo no hemisfério sul, especialmente na América do Sul e Central, Ásia e África. Ele disse que o crescimento modesto na América do Norte e na Europa deve-se principalmente a populações de imigrantes provenientes do hemisfério sul.
 
A Europa é uma região com desafios ainda maiores, disse ele. A Igreja Adventista tem três Divisões na Europa, um legado de sua longa presença no continente, mas a membresia é pequena. A Divisão Trans-Europeia, que inclui a Grã-Bretanha, é a menor das treze Divisões, com apenas 84.428 membros.
 
“Por isso, as Divisões estão perguntando: 'Aonde vamos?”, disse Ng. “É tão difícil”.
 
A Associação União Britânica, por exemplo, tem 34.512 membros, um aumento líquido de 464 pessoas, em comparação com 34.048 no ano passado. A maioria dos batizados eram imigrantes.
 
“Que dizer dos britânicos nativos?”, indagou Ng. “Ou seja, os que nasceram lá. Eles estão lá. E eles? Será que estamos fazendo algo por eles? Estas são perguntas difíceis”.
 
Ng disse que os relatos missionários costumam terminar com uma nota positiva e deixam a impressão de que o trabalho foi bem sucedido. Mas comentou que as estatísticas mostram o outro lado da moeda: grande parte do mundo não teve a oportunidade de aprender sobre a primeira vinda de Cristo, e nem ouviu falar da segunda.
 
O secretário acrescentou que a Igreja está presente em cerca de 230 países, mas há 22 outros países reconhecidos pelas Nações Unidas que ainda não tem presença adventista. Além disso, um país pode ter uma grande população de adventistas, mas continuar a ter importantes grupos de pessoas sem um único adventista. No Quênia, muitos dos 800 mil membros vêm principalmente de dois grupos linguísticos, enquanto há quarenta outros grupos importantes, em grande parte não alcançados. O mesmo é verdade para a Tailândia, onde a maioria dos membros procede de grupos minoritários.
 
“Por isso, não significa que uma vez que se entra num país o trabalho está terminado”, disse Ng. “Longe disso!”
 
 

arrow-bracket-rightComentárioscontact