Accra, Ghana | Yvette Appiah/ANN staff

A Igreja Adventista do Sétimo Dia no sul Gana estabeleceu parceria com organizações locais e internacionais numa iniciativa para combater as condições insalubres que causaran um surto de cólera naquele país do Oeste Africano.
 
O projeto, lançado na Universidade Valley View, da denominação, em Accra, no início deste mês, também visa à implementação de iniciativas de saúde pública para prevenir a potencial propagação do vírus de febre ebola, que ainda é prevalente em países vizinhos. Um surto de cólera, doença transmitida por dejetos humanos que causa desidratação, já matou mais de 200 pessoas em Gana este ano.
 
A febre ebola, comumente transmitida através do contato com fluidos corporais, atingiu um pico este ano na África Ocidental desde que foi detectado pela primeira vez em 1976. Nenhum caso com confirmação de ebola foi registrado em Gana após teste.
 
Foram registrados cerca de 18 mil casos de ebola na África Ocidental este ano, com cerca de 6.400 mortes, segundo a Organização Mundial de Saúde. Os países mais afetados incluem Guiné, Serra Leoa e Libéria. Casos introduzidos com transmissões locais limitadas têm sido relatados na Nigéria, Senegal, Mali, vários países da Europa e nos Estados Unidos.
 
Na cerimônia de lançamento do projeto em 2 de dezembro, oficiais da Igreja, das Nações Unidas e da Organização Mundial de Saúde anunciaram a campanha, que apela a educar os membros da Igreja e o público sobre ebola e doenças relacionadas ao saneamento, uma mudança de atitude para com o vírus e seus afetados, e melhores práticas de comportamento higiênico e sanitário. Autoridades disseram que a prevenção de doenças é mais eficaz e mais barata do que medidas curativas.
 
Samuel Adama Larmie, presidente da União Associação do Sul de Gana, da Igreja Adventista, disse que a campanha foi uma chamada de “despertamento” aos cidadãos para se conscientizarem sobre a febre ebola e a necessidade de práticas sanitárias. “Hoje vamos mostrar solidariedade para com as vítimas de ebola e cólera e espero que superaremos este desafio”, disse Larmie. “Defendemos firmemente que não deve haver nenhum estigma e/ou discriminação. Ninguém está livre ou seguro, mas todos nós podemos fazer algo sobre a situação”.
 
Oficiais da Igreja disseram que a mensagem quanto à iniciativa das práticas sanitárias e outras medidas preventivas serão apresentadas aos adventistas em todo o país. Existem mais de 400.000 adventistas em Gana.
 
Larmie disse que os adventistas participariam do Dia Nacional de Saneamento, que será realizado no último sábado do mês. Os adventistas, que observam o sábado do sétimo dia como o dia bíblico de repouso, se unirão à iniciativa no último domingo do mês.
 
William Kpakpo Brown, diretor da Agência Adventista de Desenvolvimento e  Recursos Assistenciais em Gana, disse que quase 20 por cento dos ganenses não contam com latrinas, o que levou a condições insalubres em certas regiões. A agência, segundo ele, tinha terminado recentemente um projeto de três anos que construiu mais de 5.500 latrinas familiares e mais de 140 latrinas em hospitais.
 
Margaret Lamunu, médica epidemiologista da Missão das Nações Unidas para o Resposta de Emergência da Ebola, disse que sua organização tinha estado a trabalhar em parcerias e agências locais de saúde para reforçar a prevenção nacional sobre a ebola. Ela disse que as medidas tinham sido estabelecidas em vários países próximos para identificar e designar instalações para isolamento em casos de ebola, treinar funcionários da área de saúde no tratamento de ebola, e rastrear viajantes para verificação de afecção de ebola nos pontos de entrada ao longo das fronteiras nacionais.
 
Lamunu também agradeceu a Igreja Adventista por sua contribuição na resposta à epidemia regional. “Gostaria de reconhecer os esforços da Igreja Adventista do Sétimo Dia em propiciar este fórum através do qual o público em geral pode ser sensibilizado e informado sobre o que está acontecendo para deter o surto de ebola, e como cada um de nós pode contribuir individualmente para esses esforços”, disse Lamunu.
 
A representante da Organização Mundial da Saúde em Gana, Dra. Magda Robalo, disse que a organização havia contribuído para o planejamento operacional e informações sobre as necessidades de rastreamento de contato, vigilância de casos, gestão de casos, e sepultamentos seguros. Ela apelou pela continuidade de parcerias sólidas e um plano de resposta que leve os países afetados a serem declarados livres da febre ebola. ”Na verdade, a resposta coletiva ao surto de ebola na África Ocidental está começando a ter algum impacto com alguns sinais de desaceleração em certas áreas”, disse Robalo. “No entanto respondedores internacionais ainda são urgentemente necessários, não só para o tratamento de casos, mas também para identificá-los,  . . . para contatos, e melhoria de nossa capacidade de quebrar as cadeias de transmissão que continuam a conduzir a esse surto”.
 
O Ministro da Administração Local e Desenvolvimento Rural, Dr. Julius Debrah, elogiou a Igreja Adventista por ser a primeira igreja em Gana a lançar uma campanha sobre a ebola. Debrah convidou outras organizações religiosas a seguirem o exemplo da Igreja Adventista em educar o público para a luta contra a ebola e a cólera, e promover práticas sanitárias.

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