Clínica grátis ‘envia a mensagem ao mundo' depois de tratar 34.000 no Zimbábue

A Igreja Adventista considera as lições do marcante evento

Andrew McChesney, Adventist Review

Uma clínica organizada pelos adventistas que forneceu assistência médica gratuita para 34.000 pacientes em duas semanas no Zimbábue não tem apenas organizadores e a nação atônitos, mas também promete moldar o trabalho da Igreja Adventista do Sétimo Dia daqui para frente.

A megaclínica terminou sexta-feira depois de 550 voluntários terem propiciado cerca de US $ 2,5 milhões em serviços básicos de saúde para longas filas de pessoas num shopping center em Chitungwiza, cidade de cerca de 365.000 habitantes, localizada a 30 minutos de carro ao sul da capital do Zimbábue, Harare.

“A Expo Saúde Chitungwiza enviou uma mensagem ao mundo de que o plano de Deus para ajudar as pessoas a serem equilibradas . . . física, mental, social e espiritualmente é um plano poderoso”, disse o presidente mundial da Igreja Adventista, Ted N. C. Wilson, na sexta-feira ao agradecer aos voluntários durante uma reunião evangelística num campo ao lado do centro comercial.

Peter N. Landless, o diretor de saúde de topo da Igreja Adventista a nível mundial e um cardiologista nuclear credenciado, disse que esta foi a primeira vez que tinha visto uma clínica de assistência médica gratuito para tantas pessoas numa base diária sustentada, e sugeriu que isso poderia oferecer um modelo para a Igreja replicar em outros lugares. “Esta tem sido a experiência mais extraordinária porque demonstra que não se tem de ter exposições de saúde extravagantes, mas deve ter exposições completas”, Landless disse numa entrevista a poucos passos de distância da entrada do centro comercial. “Isso é o que satisfaz as necessidades do povo ao nível das bases e particularmente aqui, onde tem havido uma necessidade de triagem e cuidados básicos de saúde. As necessidades foram atendidas, e as pessoas se regozijaram”.

Innocent Gwizo, principal organizador da clínica gratuita e diretor de ministérios de saúde para a Associação União do União Zimbábue, disse que estava tendo problemas para medir plenamente o enorme impacto que a clínica gratuita teve no Zimbábue. “Não tenho nenhuma dúvida de que o Senhor realizou esta expo”, declarou Gwizo. “Este não foi um programa humano. Isto foi Deus em ação porque, como diretor da expo, estou surpreso com os resultados, também. Nada é impossível para Deus. Precisamos pensar além dos nossos limites”.

A Igreja Adventista tem procurado atender as necessidades físicas e espirituais das pessoas desde as suas origens em 1863, mas tem dado crescente ênfase à combinação dos dois num “ministério abrangente de saúde” durante os cinco anos do mandato do Pr. Ted Wilson.

“O Ministério da Saúde Integral tem sido parte da Igreja desde 1863. Está em nosso DNA”, disse Landless no início desta semana durante uma apresentação de saúde para 20.000 pessoas que assistiram às reuniões evangelísticas noturnas lideradas por Wilson em Chitungwiza. “Mas tem havido alguma engenharia genética desde 2010”, disse ele, agradecendo Wilson pela nova ênfase.

A primeira grande clínica gratuita tratou cerca de 3.000 pessoas por três dias em duas cidades da Califórnia no ano passado, e foi seguida por um evento de três dias que forneceu U$ 20 milhões em cuidados de saúde gratuitos para cerca de 6.100 pessoas em San Antonio, Texas, no mês passado.

A equipe médica de núcleo por detrás da clínica gratuita de Chitungwiza organizou algumas pequenas clínicas gratuitas de uma semana na segunda maior cidade do país, Bulawayo. Mas o potencial do seu trabalho realmente chamou a atenção de líderes da Igreja local em setembro passado, quando promoveram uma clínica gratuita de três semanas em Marange, uma área remota no leste de Zimbábue sem serviços públicos de saúde nas proximidades. Embora apenas cinco médicos, quatro enfermeiras, e 36 outros voluntários participaram nessa clínica gratuita, ela resultou em 220 batismos e na criação de 10 novas igrejas na área.

Resultados semelhantes poderiam emergir da clínica gratuita de Chitungwiza, onde dezenas de pacientes assistiram às reuniões evangelísticas ao lado. Vários já estão se preparando para o batismo, incluindo um ex-usuário de drogas que foi forçado pela esposa ingressar num programa de recuperação de vícios de 10 dias intensivos. A esposa trouxe o marido para a cabine de recuperação de vícios perto do início da clínica gratuita em 13 de maio e ordenou-lhe que ali ficasse, disse Gwizo.

A clínica gratuita operou o programa de recuperação de vícios num prédio perto da clínica gratuita, e as pessoas que procuraram assistência para superar o vício em cocaína, maconha, álcool e fumo viveram e comeram com médicos voluntários durante 10 dias. Para se inscrever, os pacientes eram obrigados a entregar seu dinheiro e telefones celulares. “O homem diz que é grato por agora estar livre da dependência de drogas, cerveja e fumo e será batizado e se tornará um adventista”, contou Gwizo.

Vinte e quatro pessoas concluíram o programa e receberam certificados durante uma cerimônia de graduação com a presença de Dorcas Sithole, vice-diretora dos Serviços de Saúde Mental e Drogas Perigosas do governo do Zimbábue. Quatro graduados fizeram discursos agradecendo a Igreja, e um deles, um estudante universitário, pediu à Igreja para levar o programa para as faculdades.

Sithole ficou tão impressionada com o programa que pediu à Igreja para mostrá-lo num evento televisionado nacionalmente para assinalar o Dia Sem Fumar em 31 de maio Zimbábue. O vice-presidente do Zimbábue vai participar do evento. “Ela também solicitou que alguns dos graduados dessem o seu testemunho do que a Igreja Adventista havia feito por eles”, disse Gwizo.

Muitos outros pacientes também expressaram gratidão por seu tratamento, mas talvez entre os mais gratos estejam aqueles que saíram curados de diabetes. O Dr. Masima Mwazha, um dos membros da equipe médica central por detrás da clínica gratuita, disse que vai lembrar por muito tempo a alegria de ver pessoas completarem um programa em que foram alimentadas com um regime que reverteu as suas condições.

Os pacientes não são as únicas pessoas ficaram encantadas com a clínica gratuita, que arrendou o espaço vago de um shopping center meio-deserto. Outros inquilinos do centro comercial, que incluem lojas de alimentos e uma farmácia, viram suas vendas disparem nas últimas duas semanas, disse Gwizo. O único inquilino decepcionado foi um dentista cujo consultório não podia competir com os 30 dentistas oferecendo serviços gratuitos, disse ele. Mas, acrescentou, a Igreja Adventista encontrou uma maneira de fazer as pazes com ele e deixá-lo radiante. Os 30 dentistas gratuitas referiam todos os seus pacientes ao seu consultório para o trabalho de acompanhamento. Gwizo estima que 200 a 300 dos vários milhares de pacientes odontológicos iriam acabar pagando por seus serviços.

A clínica gratuita não ficou sem seus desafios. O maior problema foi a inesperada grande afluência de pessoas, o que deixou os organizadores lutando às vezes para encontrar os meios financeiros para atender a demanda. Mesmo agora, depois de encerrar-se a clínica grátis, grandes cirurgias continuam a ser realizadas por médicos voluntários no Hospital Central de Chitungwiza. Cerca de 25.000 dólares ainda é necessário para cobrir cirurgias para as últimas várias dezenas de pacientes que foram registrados para receber tratamento, disse Gwizo. Esta complicação financeira oferece uma lição para futuras clínicas gratuitas.

Ao falar sobre o número recorde de 34 mil pacientes em duas semanas, Landless comentou: “É a primeira vez na minha experiência e isso é algo que podemos olhar para repetir no futuro, mas admitindo que precisamos fazer bem os cálculos antes de tentarmos para fazer a construção. “

A União Associação de Zimbábue pretende realizar mais clínicas gratuitas, mas vai fazer uma pausa de um ano antes de realizar outro grande evento desses, avaliando agora as lições aprendidas com as duas últimas semanas.

Enquanto isso, os membros da Igreja vão estar ocupados fazendo o trabalho de acompanhamento com os 34.000 pacientes. Cada pessoa que veio para a expo será visitada pelo menos três vezes por membros da Igreja, e exposições de saúde menores serão realizadas em igrejas de Chitungwiza para reforçá-los, disse Gwizo.

Além disso, a Igreja Adventista fará uso de sua imagem recém promovida para reforçar a sua relação de colaboração com agências governamentais e organizações não-governamentais, disse ele. Várias organizações e o governo já apresentaram convites para a Igreja fazer parceria com eles sobre questões de saúde.

Mas a clínica gratuita é apenas o começo, disse Gwizo. “Nós não fizemos muito considerando que o Zimbábue tem cerca de 14 milhões de pessoas que precisamos alcançar com a fé da Igreja Adventista do Sétimo Dia por meio do ministério de saúde global”, disse ele. “Nunca devemos descansar, entretendo o pensamento de que fizemos algo grande”, disse ele. “Grande é somente quando todos no nosso território conhecerem sem sombra de dúvida a mensagem holística proclamada pela Igreja Adventista: Jesus está voltando.”

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