Adventist History, Adventist Mission

Relatório de Arquivos, Estatística e Pesquisa

Auditorias de membros e perdas

San Antonio, Texas, USA | David Trim; Archives, Statistics, and Research director

No último quinquênio, a Igreja a nível mundial realizou uma série de profundas auditorias de membros e os resultados da análise pelo Escritório de Arquivos, Estatística e Pesquisa (sigla em inglês ASTR) indicou que a nossa membresia é exagerada, em algumas áreas até consideravelmente exagerada. Uma análise mais aprofundada sugeriu que os números de membros são inflados por causa de falhas sistêmicas em relatar com precisão as perdas: tanto de mortes quanto de membros que vivem, descritos em diferentes partes do mundo como apostasia, afastamento, e assim por diante. Este relatório resume os resultados das auditorias de membros, e sugere algumas implicações para a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Muitas vezes, apenas uma estatística-chave oferece a uma organização uma visão vital sobre a veracidade de uma série de outros dados. Para as medidas de membros adventistas, essa estatística fundamental é o índice de mortalidade: o número de mortes por 1.000 membros de uma população. Na análise do ASTR, os índices de mortalidade adventistas foram calculados para cada Divisão e no mundo, e então comparados com índices de mortalidade da população em geral nas respectivas Divisões e em todo o mundo. Porque um ano não revela uma tendência, o ASTR efetuou essa análise para o período de 1995 a 2010.

Descobrimos que o índice de mortalidade adventista mundial sempre esteve bem abaixo do índice de mortalidade global, e que diminuiu especialmente com o avanço dos anos da década de 2000 (ver a Figura 1). Em muitas Divisões, além disso, os índices de mortalidade adventista foram significativamente menores do que os de mortalidade geral em seus respectivos territórios.

Os adventistas do sétimo dia têm princípios divinos para a vida saudável que nos foram dados por meio do Espírito de Profecia, mas a diferença entre os adventistas e os índices de mortalidade globais de toda a população é tão grande que uma vida saudável por si só não pode explicar isso. 

Na primeira década do século XXI houve 3,39 mortes por 1.000 adventistas membros da Igreja em todo o mundo, em contraste com 8,55 óbitos por 1.000 pessoas na população em geral, ou seja, nossa mortalidade média foi de apenas 39,65 por cento da mortalidade geral. Estudos científicos indicam que o efeito de seguir-se um regime alimentar e estilo de vida adventista em índices de mortalidade iria torná-los, na melhor das hipóteses, cerca de dois terços do da população geral. Nosso índice de mortalidade global foi, assim, cerca de metade do que deveria ser, mesmo depois de se levar em conta a vantagem dos princípios de saúde adventista.

Em oito Divisões (incluindo quatro das seis com mais de 1 milhão de membros), a mortalidade adventista era de menos do que 40 por cento da mortalidade geral, e em cinco Divisões era inferior a 20 por cento. A membresia em todas essas Divisões era, literalmente, maior que a vida.

Isso é importante por três razões; planejamento, mordomia e cuidado pastoral. Todas são considerações importantes, mas a última é talvez a mais importante. Os líderes da Igreja precisam de registros precisos de membros: em primeiro lugar, para planejar estrategicamente e de forma eficaz; segundo, para serem bons administradores, uma vez que doutro modo recursos poderiam ser mal alocados. Acima de tudo, no entanto, se os números de membros são imprecisos, torna-se muito difícil cuidar dos membros da Igreja, pois, como a parábola da ovelha perdida (Lucas 15: 4-7) nos diz, saber quantas são as ovelhas no aprisco é fundamental para o Divino Pastor, cujo exemplo procuramos seguir.

A Igreja globalmente instituiu uma série de medidas corretivas, com o objetivo de alcançar estatísticas precisas da membresia. Contagens de assiduidade foram acrescentadas às estatísticas que todas as igrejas locais e unidades administrativas são convidadas a apresentar anualmente. Em 2012, foi criado na Associação Geral um software para controle da membresia adventista do sétimo dia. Hoje, duas Divisões inteiras, e as uniões em cinco outras, adotaram, ou estão começando a adotar, o software de membresia aprovado.

A medida que tem tido o maior impacto, no entanto, tem sido auditorias extensas de membresia. Cada Divisão tem realizado auditorias em pelo menos parte do seu território, e a maioria das 132 uniões têm igualmente realizado auditorias, pelo menos parciais. Em todo o mundo, no entanto, o processo de auditoria é incompleto. Portanto, este relatório é, em certo sentido, preliminar.

Em 2014 foram registradas um total de 55.320 mortes, ou três mortes por mil adventistas do sétimo dia em todo o mundo, acima dos 2,67 no início do último quinquênio, que era exatamente um terço do índice de mortalidade geral global, o menor percentual em nossa história estatística. As três mortes por mil em 2014 equiparavam-se a 39 por cento da mortalidade global líquida de 7,84 óbitos por mil naquele ano. Ainda temos algum caminho a percorrer, então, antes que as mortes sejam relatadas com precisão, mas a precisão está melhorando.

O surpreendente, porém, é que as auditorias revelaram grandes perdas. Não só as mortes haviam sido subnotificadas, como, também, o número de pessoas que deixaram a Igreja (atualmente descritas em relatórios de estatísticas oficiais sob o título “eliminado” em vez do termo mais antigo, “apostasia”) e o número de “desaparecidos”: ou seja, pessoas que simplesmente não podem ser encontradas quando uma auditoria é levada a cabo. 

O resultado das auditorias extensas ao longo dos últimos cinco anos indicou que um total de 2.983.905 membros foram retirados ou registrados como desaparecidos; 261.888 mortes foram registradas; e um total de 5.563.377 foram adicionados pelo batismo ou profissão de fé. O número de mortes notificadas aumentou ligeiramente, mas manteve-se relativamente estável, ao passo que os totais dos desaparecidos e eliminados cresceu vertiginosamente.

A pura magnitude das perdas (eliminações e desaparecimentos) identificadas em auditorias enfraquece os números consideráveis ​​do total de membros. O grande número de membros que escaparam pela metafórica porta dos fundos enfraquece o crescimento dos que vêm pela porta da frente (Figura 2). Melhoria na retenção é vital.

Em face disso, o crescimento tem sido muito mais lento nos últimos cinco anos (ver Figura 3), mas na verdade isso é uma ilusão estatística. Muitos daqueles cuja saída foi registrada não deixaram nossas fileiras durante os últimos cinco anos. A nossa incapacidade de longo prazo em realizar auditorias de membros em boa parte do mundo significa que temos registrado perdas dos últimos 25 anos (e em alguns casos provavelmente de antes).

Simplificando, em vez de sofrer uma crise de crescimento da Igreja, estamos simplesmente sentindo os efeitos de uma correção estatística. Os índices de crescimento em toda a década de 1990 e início de 2000 foram, na verdade menores do que pensávamos, enquanto o nosso índice de crescimento real neste quinquênio foi maior do que parece. É importante, por outro lado, reconhecer que as perdas não foram causadas ​​pelas auditorias; as auditorias de membresia apenas registram a saída de quem já está separado da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Revelam a magnitude real de um problema que já existe e tem existido por muitos anos.

Em última análise, nós não realizamos auditorias para arrumar os registros de membros e obter números mais precisos. Cada um dos 2.983.905 membros registrados como desaparecidos ou eliminados do rol de membros nos últimos cinco anos (e cada um dos 13.026.925 membros “eliminados” ou “desaparecidos” durante os últimos 50 anos) é precioso para Jesus.

As auditorias de membros devem continuar como parte de uma estratégia mais ampla para melhorar a retenção e discipulado. Devemos procurar imitar o Bom Pastor, que deixou de lado tudo para procurar apenas 1 por cento do seu rebanho quando desapareceu. Registros estatísticos precisos não são fins em si mesmos, mas uma base para mais poderoso ministério para o rebanho que nos foi confiado pelo Salvador. 

Nota: Kathleen Jones, Joshua Marcoe, Carole Proctor, e Lisa Rasmussen contribuíram para a análise estatística deste relatório.

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