Delegados do Concílio Anual passam em revista mudanças sugeridas para as 28 Crenças Fundamentais

Delegados do Concílio Anual aprovaram hoje o próximo passo num processo de cinco anos para se articular melhor as crenças fundamentais da Igreja, empregando linguagem mais clara, e, freqüentemente, mais inclusiva

Silver Spring, Maryland, United States | Elizabeth Lechleitner/ANN

Teólogos adventistas conduziram os delegados através de uma leitura de um esboço de edição de todas a 28 Cenças Fundamentais elaborado pela Comissão de Revisão das Crenças Fundamentais da Igreja. O grupo foi nomeado em 2011 para implementar uma decisão durante a Assembleia da Associação Geral de 2010 que visava a fortalecer a interpretação da Igreja quanto às origens.

Não foi nenhuma surpresa, então, que a Crença Fundamental número 6 recebesse tinta vermelha em maior proporção. Uma proposta de edição para a crença da Igreja na criação substitui “Em seis dias, fez o Senhor”, por “Numa criação recente em seis dias, fez o Senhor”. Outra mudança sugerida especifica que a criação ocorreu dentro do período de “seis dias literais”.

A palavra “literal” fecha o que alguns adventistas têm afirmado ser uma brecha interpretativa que, hipoteticamente, permite a evolução teísta para explicar o relato das origens no Gênesis. 

O esboço editado também substitui a citação do documento do primeiro versículo do Gênesis, que afirma: “No princípio, criou Deus os céus e a Terra”, com uma passagem de Êxodo 20, que diz que Deus criou “os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há...”

A mudança permite diferentes entendimentos sobre se a criação do universo foi coincidente com a criação em seis dias de vida na terra. Alguns teólogos adventistas criacionistas acreditam que Gênesis 1:1 pode referir-se à criação num sentido mais amplo (ver Jó 38:7), enquanto Êxodo 20:11, o esboço afirma, “parece restringir o ato criativo com o que ocorreu durante os seis dias da criação”.

“A versão sugerida não traz nada de novo à crença. Só afirma com uma voz mais firme, ou mais clara, o que sempre acreditei”, disse Artur Stele, vice-presidente mundial da Igreja Adventista e co-presidente da Comissão de Revisão das Crenças Fundamentais.

No geral, o esboço propõe mudanças—a maioria das quais são menores e de natureza editorial—a 18 das 28 Crenças Fundamentais da Igreja.

Stele ofereceu o transfundo adicional sobre a nova linguagem de gênero neutro, que se revela coerentemente ao longo do projeto de documento. Em lugar de “homem” se lerá agora “humano”. “Queríamos determinar se a sugestão era bíblica ou apenas refletia o espírito da época”, disse Stele. Depois de um estudo minucioso do uso hebraico no Antigo Testamento, “não se pode concluir que palavras como 'homem' se refiram apenas ao sexo masculino”.

Mesmo no Novo Testamento, Stele disse, a inclusão é a intenção bíblica clara. A palavra grega “homem” no original é sempre neutra até a era moderna. “Isso significa o ser humano”, ele argumentou.

A proposta também reforça a crença da Igreja sobre o casamento e a família, o que sugere que a frase “um homem e uma mulher” substitui a palavra atual “parceiros” para garantir que a definição de casamento da Igreja não pode ser aplicada às uniões do mesmo sexo. A nova versão “elimina qualquer ambiguidade”, declara o esboço, que poderia ser “indevidamente usado por adventistas que apóiam o casamento de gays, lésbicas ou transexuais. Mudança na Crença Fundamental número 23 também inclui a remoção da palavra “disciplinador”, quando instando os pais a emularem o relacionamento de Cristo com a humanidade na criação de seus filhos.

Stele garantiu aos delegados que a Comissão de Crenças Fundamentais incluiu apenas mudanças propostas que atenderam a vários critérios. As únicas sugestões incluídas que sobreviveram ao escrutínio editorial foram aquelas que “aprofundam” a declaração, fugindo-se de “elaborações de idéias já existentes” ou de apresentação de ideias-chave atualmente em falta. A comissão também acolheu sugestões editoriais destinadas a esclarecer ou condensar as crenças. Os membros rejeitaram qualquer sugestão que sentiam “sobretudo promover uma agenda pessoal”, garantiu ele.

O vice-presidente geral da Igreja Adventista a nível mundial, Ben Schoun, que presidiu a apresentação, lembrou aos delegados que o esboço “não é a forma final” e pediu-lhes para não passarem a tarde discutindo semântica. Ele, então, convidou os delegados a liderarem as discussões em suas respectivas Divisões da Igreja e apresentar outras edições para as crenças fundamentais até 1º. de junho de 2014.

A Comissão de Revisão das Crenças Fundamentais irá preparar uma segunda versão do documento para o Concílio Anual de 2014, Schoun informou. Em última análise, os delegados irão votar se desejam adicionar o segundo esboço para a agenda da Assembléia da Associação Geral de 2015, quando se daria uma votação final.

 

 

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