Organização ecumênica emite primeira declaração sobre evangelização em décadas

‘Holy Spirit moves much wider than the Christian community,’ theologian says

Busan, South Korea | Mark A. Kellner, Adventist Review

Mais de 4.000 delegados para a 10a. Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas se reuniram em Busan, Coréia do Sul, na semana passada para determinar a melhor forma de proclamar a mensagem cristã num mundo de contrastes e ideologias concorrentes.

A organização ecumênica, que valoriza a unidade e a cooperação na missão cristã, apresentou sua primeira declaração sobre evangelização em mais de 30 anos. O documento, chamado de “Juntos Rumo à Vida: Missão e Evangelismo em Panoramas em Mudança”, enfatiza o que os oradores chamaram de evangelismo “holístico”. Aparentemente ausente estava qualquer referência direta à “Grande Comissão” de Mateus 28, de “ir e fazer discípulos de todas as nações” .

Jooseop Keum, secretário da Comissão do CMI Sobre a Missão Mundial e Evangelismo, afirmou que ele lia Mateus 28 “a partir de um contexto contextual” do que era habitual no Império Romano, e não como uma ordem “imperial” de seguir adiante e discipular outros. 

O documento afirma que “o Espírito de Deus ... pode ser encontrado em todas as culturas que afirmam a vida”. Para alguns evangélicos, esta declaração implica o universalismo, a crença de que Deus acabará por salvar todos os seres humanos que praticam algum tipo de espiritualidade que transmita vida.

Kirsteen Kim, professor de Teologia e Cristianismo Mundial na Universidade Trinity, de Leeds, no Reino Unido, respondeu dizendo que “o Espírito [Santo] move-se muito mais amplamente do que a comunidade cristã”.

No hemisfério norte em geral o cristianismo é desafiado por outras religiões mundiais e pelo aumento de pessoas que se declaram não ter qualquer filiação religiosa. No “sul global”, por outro lado, o cristianismo está em expansão em lugares como África, América do Sul e partes da Ásia, apesar do aumento das tensões e perseguições.

O Conselho Mundial de Igrejas é uma organização inter-religiosa que conta com membros dentre as denominações cristãs tradicionais. A unidade dos cristãos é um dos pilares da organização, e uma prioridade para muitos de seus membros-chave.

Conquanto a Igreja Adventista do Sétimo Dia envie regularmente observadores e jornalistas para as assembléias da CMI, a denominação não aderiu ao movimento ecumênico, sobre o qual os adventistas sempre tiveram preocupações relacionadas com a sua compreensão da profecia bíblica . 

O líder de 80 milhões de anglicanos do mundo, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, disse a jornalistas que espera pela unidade cristã global, mas como um movimento do Espírito Santo, e não por meio de esforços humanos. “A unidade é um dom de Deus”, disse ele . 

Numa entrevista coletiva em 31 de outubro, dois executivos do CMI insistiram quanto a uma compreensão da organização ecumênica global como um facilitador do diálogo e cooperação intereclesiástica e inter-religiosa.

Indagado sobre como lidar com a perseguição dos cristãos no Oriente Médio, África e outras áreas, muitas vezes nas mãos de não-cristãos, o Rev. Dr. Olav Fykse Tveit, secretário geral do CMI, disse que, embora o grupo tenha como objetivo a expressão de “solidariedade cristã” junto aos perseguidos, “nós temos tido que enfrentar isso de maneiras diferentes”.

Tveit disse que esta 10a. Assembléia do CMI deverá produzir declarações sobre a politização da religião e uma sobre o estado dos cristãos no Oriente Médio. No entanto, ele disse: “As palavras são muito poderosas”, e alguns cristãos na região “não querem ser descritos como estando em conflito” ou sob perseguição. Mas num discurso contundente para a assembleia no dia seguinte, um líder da Igreja Ortodoxa russa condenou o que via como uma tendência para contornar questões controversas na assembleia. 

“Embora continuemos a discutir nossas diferenças na atmosfera confortável de conferências e diálogos teológicos, a pergunta ressoa cada vez mais resolutamente: Irá a civilização cristã afinal sobreviver?”, disse Hilarion Alfeyev, o Metropolitano de Volokolamsk e presidente do departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou. 

Alfeyev citou o “secularismo militante” e o “islamismo radical”, que disse ser uma filosofia distinta do Islã tradicional, como constantes ameaças ao cristianismo. 

A assembleia também atraiu críticas de fora do Centro de Exposições de Busan, onde manifestantes se reuniram e alguns condenaram o grupo como o “Anticristo”.

O moderador do CMI, Rev. Dr. Walter Altmann, confrontou suas preocupações, afirmando que os protestos contra o grupo muitas vezes resultavam de um “mal-etendido” de sua finalidade e intenções. “Não estamos substituindo nenhuma igreja -- o CMI é um lugar para a colaboração e cooperação” entre as denominações, Altmann acrescentou. “Estamos comprometidos por nosso Senhor para a unidade, mas não há um programa estruturado de desfazer as igrejas para formar um “super Igreja”.

 

 

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