Concílio Anual adota edições recomendados para Crenças Fundamentais

Crença sobre criação poderia ser alterada para enfatizar seis dias “literais”

Silver Spring, Maryland, United States | Edwin Manuel Garcia/ANN

Um grupo sobre praxes da Igreja Adventista do Sétimo Dia na segunda-feira votou ajustar a linguagem de uma crença fundamental-chave para enfatizar que a criação foi um evento “recente” que teve lugar durante “seis dias literais”.
 
A decisão por representantes de 13 Divisões do mundo reunidos no Concílio Anual de 2014, da denominação adventista, concordou com altos oficiais da Igreja que revelam crescente preocupação com o que dizem ser uma má interpretação do relato da criação dentro da denominação.
 
A posição oficial da Igreja sobre a criação--conhecida como Crença Fundamental n º 6--afirma atualmente, em parte, “Em seis dias o Senhor fez” os céus e a terra “e todos os seres vivos sobre a Terra, e descansou no sétimo dia de dessa primeira semana”.
 
A seção proposta da crença sob revisão, a ser enviada aos delegados do organismo oficial que dirige a Igreja para votação no próximo ano, agora assim reza: “Numa criação recente em seis dias o Senhor fez ‘os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há’ e descansou no sétimo dia”.
 
A liderança da igreja insistiu em inserir a palavra “recente” para estabelecer a crença bíblica de que a criação ocorreu há milhares de anos, ao contrário da crença conflitante dos evolucionistas que insistem em que a Terra tem pelo menos 4 bilhões de anos. A frase “seis dias literais” é importante para os líderes da Igreja, porque transmite a ideia de que cada dia da criação durou um dia literal.
 
Os líderes da Igreja estavam preocupados com a possibilidade de que os membros da Igreja adotassem a posição de que a criação não foi um evento literal de seis dias, com o que poderiam abandonar a crença central da denominação sobre o sábado ser um período de 24 horas de descanso.
 
A votação foi de 179 a 15, com 5 abstenções, para se adotar as recomendações das crenças fundamentais sob análise da Comissão de Revisão das Crenças Fundamentais, que se reuniu pela primeira vez em 2011.
 
O movimento para esclarecer a posição da Igreja vem num momento em que um número cada vez maior de adventistas, inclusive alguns em instituições acadêmicas da denominação, estão acatando a evolução teísta, uma visão que reconhece a Deus e a ciência como responsáveis ​​pela criação.
 
O presidente da Associação Geral, Ted N. C. Wilson, tornou uma prioridade afirmar a criação literal, em seis dias. Ele expressou claramente o seu ponto de vista num importante discurso para mais de 400 professores de Bíblia e Ciências e outros obreiros denominacionais, em Nevada, EUA, há dois meses.
 
Citando a Bíblia e os escritos da co-fundadora da Igreja, Ellen G. White, Wilson instou a audiência a “apegar-se firmemente a uma criação literal recente e absolutamente rejeitar a teoria da evolução teísta e geral”.
 
A posição de Wilson é apoiada pelo Instituto de Pesquisa Bíblica (sigla, BRI), o “think tank” da Associação Geral que promove o estudo e a prática da teologia e estilo de vida adventistas.
 
O BRI sustenta que a identidade da Igreja estará em risco se a Crença Fundamental n º 6 não enfatizar a criação literal de seis dias. Caso a evolução teísta se torne mais amplamente aceita, o BRI afirmou num relatório, “estaremos em perigo de perder o fundamento bíblico para o sábado e nossa compreensão da salvação”.
 
O protocolo para modificar a crença fundamental sobre a criação é um longo processo que começou em 2010, em Atlanta, Georgia, EUA, pelos delegados da 59ª. Assembleia da Associação Geral que votaram realizar as mudanças. A Comissão de Revisão das crenças fundamentais foi nomeada para avaliar e fundir a proposta com a Declaração sobre a Criação, de 2.004, e solicitar a contribuição dos membros da Igreja em todo o mundo antes de avançar a sua recomendação aos delegados do Concílio Anual. A comissão é liderada por Artur Stele, vice-presidente da Associação Geral e chefe do BRI.
 
Relativamente poucos dos 330 delegados reunidos na sede da Igreja, comentaram sobre a proposta.
 
O historiador David Trim alertou que a proposta, que inclui texto que estabelece os seis dias literais, juntamente com o sábado, “constituído por semana como a experimentamos hoje”, pode estar sujeita a diferentes interpretações.
 
Shirley Chang, um delegado Divisão Norte-Americana, disse que acrescentar a palavra “recente” parecia fora de contexto.
 
O ex-presidente da Divisão Trans-Europeia, Bertil Wiklander, teve problema com a inserção da palavra “histórico” para descrever o relato da criação. Ele disse que a Igreja está em melhor situação com a declaração original, porque a crença revista “poderia ter o significado de que o relato pertence à história”.
 
O tópico da criação foi a parte mais discutida de um item da agenda de domingo e segunda-feira que recomendava modificações para as 28 crenças.
 
A Igreja Adventista adotou pela primeira vez 27 Crenças Fundamentais, em 1980, sob o então presidente Neal Wilson, que disse que as revisões seriam necessárias periodicamente. Em 2005, a Igreja acrescentou o item 28, “Crescer em Cristo”.
 
Na proposta desta semana, nenhuma das crenças foi alterada substancialmente.
 
A crença de Matrimônio e Família, pela primeira vez reconhece que as pessoas solteiras são avaliadas também: Deus “inclui tanto as pessoas solteiras como as casadas”.
 
A seção sobre comportamento cristão sugeria anteriormente que as pessoas tementes a Deus agiam em harmonia “com os princípios do céu”. Agora diz que agem em harmonia”, com os princípios bíblicos em todos os aspectos da vida pessoal e social”.
 
A maioria das modificações foi de edições, como excluir redundâncias, adotando uma linguagem mais inclusiva, apagando “homens de Deus” e substituir por “pessoas de Deus”, a fixação de pontuação, e eliminação de “cônjuges” em favor de “um homem e uma mulher . “
 
As revisões propostas para as crenças fundamentais serão consideradas pelos delegados da Assembleia da Associação Geral de 2015 em San Antonio, Texas, para adoção como praxe oficial da Igreja.

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