Northern Asia-Pacific

Por que as transmissões chinesas da Igreja Adventista estão florescendo

Cerca de 8 milhões de Podcasts são baixados por dia na China.

Andrew McChesney, news editor, Adventist Review

O RADIALISTA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA ENFRENTOU UM DILEMA.

 Protestos estavam ocorrendo na Praça Tiananmen, em Pequim, e funcionários do estúdio de rádio em Hong Kong se perguntavam se deviam mencioná-los no ar. “Estávamos enfrentando muita pressão. Devemos dizer ao nosso povo o que estava acontecendo?”, Disse Billy Liu, franzindo a testa ao se lembrar daquele dia, 4 de junho de 1989. “Oramos, e decidimos, ‘não, iremos somente pregar o evangelho’”, disse ele. “O ensino de Jesus era que o Seu reino não era deste mundo. Devemos submeter-nos a poderes mais altos e não temos que nos envolver com assuntos terrenos”. 

A decisão revelou-se prudente para a equipe de rádio chinesa de A Voz da Esperança, cujo centro de produção em Hong Kong só tinha sido estabelecido dois anos antes em um cômodo apertado, na sede da União Chinesa da Igreja Adventista. Outros meios de comunicação cristãos viram os seus sinais de transmissão bloqueados. As transmissões adventistas continuaram ininterruptamente.

Manter o foco em Jesus e nos princípios bíblicos de vida saudável é uma estratégia que tem feito prosperar o centro de mídia da União Chinesa, que agora consiste no centro de produção chinesa Xi-Wang (“esperança” em mandarim) de rádio e TV Esperança. 

Surpreendentemente, cerca de 8 milhões de programas de rádio em mandarin de A Voz da Esperança são baixados como podcasts cada dia na China continental, de acordo com a Rádio Adventista Mundial, que também transmite programas em ondas curtas a partir da ilha de Guam, no Pacífico.

“Estamos muito contentes de que as boas novas de Jesus estão sendo baixadas por tantas pessoas”, Robert Folkenberg Jr., presidente da União Missão Chinesa, disse quinta-feira. “Você pode pensar em qualquer outra plataforma de mídia onde possamos compartilhar Jesus tão diretamente com as pessoas em toda a China—bem nos seus computadores e telefones móveis, onde podem ouvir tranquilamente em seu tempo livre? Deus é bom”. 

UM ALCANCE ESPANTOSO

O centro de mídia tem apenas três funcionários em tempo integral e um membro do pessoal de tempo parcial. Eles produzem 10 horas de programas em mandarim por dia, incluindo segmentos que alguns crentes chineses gravam em seus armários. “Há acústica natural lá”, disse Liu, um ex-produtor, que agora serve como diretor-executivo do centro de mídia. 

O impacto do centro de mídia surpreendeu os administradores veteranos da Igreja. Ella Simmons, vice-presidente geral da Igreja Adventista a nível mundial, chamou a operação “impressionante” depois de fazer uma visita recente. “Eles estão atingindo muito mais pessoas do que eu esperava”, ela disse à ‘Adventist Review’. “À primeira vista pensei que era uma pequena operação. Mas quando vi a gama de seu alcance, foi simplesmente surpreendente para mim”.

A Rádio Mundial Adventista começou a transmitir de Guam em 1987 a partir de uma estação de ondas curtas construída com fundos de uma oferta especial na Assembleia da Associação Geral de 1985 e doadores por todo o mundo. “Esta estação foi construída principalmente para atingir o povo da China”, disse Greg Scott, vice-presidente sênior da Rádio Adventista Mundial, que serviu como diretor de programa em Guam de 1987 a 1995.

Hoje, as transmissões de Guam cobrem não só a China como também todo o continente asiático com a mensagem do evangelho em mais de 30 idiomas. A estação transmite 320 horas por semana e tem capacidade para mais ainda. 

Todos os programas que vão ao ar por todo o mundo pela Rádio Mundial Adventista têm estado disponíveis como podcasts para download desde 2010, disse Scott. Os podcasts têm crescido para 12 milhões de assinantes para os programas em mais de 100 línguas. 

A TV Hope Chinesa, que começou a transmitir via-satélite em 2011, pode ser vista por potencialmente 300 milhões de chineses. Os programas de TV são complementados por material que produtores de Hong Kong dublam para o mandarim da sede do Canal Hope nos Estados Unidos. 

Embora o centro de mídia seja pequeno em comparação com o maior centro de mídia adventista, localizado no Brasil, com 300 funcionários, a sua audiência potencial é enorme. 

A maioria de sua audiência chinesa é de cristãos, mas que não são membros da Igreja Adventista, disse Liu. Cerca de 60 milhões de pessoas na população de 1,4 bilhão da China são cristãos, de acordo com números do governo chinês. A Igreja Adventista tem cerca de 410.000 membros na China, ou menos de 1 por cento de todos os cristãos. “Há muito mais que precisamos fazer”, disse Liu numa entrevista em seu pequeno escritório. 

“CREIO EM MÍDIA”

A mídia, segundo ele, é a melhor maneira de alcançar o povo chinês numa parte do mundo onde é um desafio convidá-los para ir à igreja e enviar missionários. “Eu realmente acredito na mídia”, disse ele. “A mídia é o caminho que poder ir às casas das pessoas para espalhar a mensagem”.

Restrições permanecem em vigor para os meios de comunicação na China, e muitas emissoras cristãs enviam seus programas de outras localidades. Uma grande preocupação para Liu é manter os padrões de transmissão de seu centro de mídia elevados para possam ser competitivos agora e poderem solicitar um canal de televisão oficial, se isso se tornar possível algum dia. “Se Deus abriu a porta de mídia na China, você acha que nós adventistas poderíamos entrar e competir com eles?”, Disse. “Estamos tentando nos preparar”. 

O ingrediente-chave para estar preparado é manter o foco em Jesus, assim como o centro de mídia decidiu fazer em 1989, disse ele. 

Cerca de dois meses após a decisão de 1989, o centro de mídia recebeu uma carta de um ouvinte na China, que estava grato de que a rádio ainda estava no ar. Ele dizia: “Oramos pela estação e por vocês, porque precisamos de vocês e de sua mensagem”.

“É algum tipo de milagre”, disse Liu. “Deus continua a proteger este pequeno estúdio e o que fazemos”.

arrow-bracket-rightComentárioscontact