UNIVERSIDADE ANDREWS TOMA MEDIDAS OUSADAS PARA PROMOVER A RECONCILIAÇÃO RACIAL

Mensagem de vídeo de alunos desencadeia discussão sobre direitos das minorias, igualdade.

Marcos Paseggi, senior correspondent, Adventist Review

A Universidade Andrews, uma das principais instituições adventistas do sétimo dia de ensino superior, localizada em Berrien Springs, Michigan, EUA, está tomando medidas decisivas para promover a reconciliação racial depois de responder oficialmente a uma mensagem de vídeo que um grupo de estudantes afro-americanos divulgou em 18 de fevereiro. O vídeo solicitou que os líderes escolares pedissem desculpas formalmente pelo que os estudantes chamaram de “racismo sistêmico que [a escola] perpetuou em seu campus”.

O vídeo “It Is Time AU” [“É Alto Tempo UA”] publicado pelos alunos foi amplamente compartilhado na mídia social gerando muitas opiniões e respostas, principalmente de apoio. Como resposta oficial ao pedido, a reitora da Universidade, Andrea Luxton, dirigiu-se ao seu corpo estudantil durante um culto regular de capela semanal em 23 de fevereiro. Ela compartilhou uma mensagem pessoal e uma resposta de vídeo oficial dos principais administradores da escola, líderes estudantis e funcionários. 

Estaremos Bem

Em sua fala na capela, Luxton repetiu algumas das ideias que tinha compartilhado numa mensagem do ano passado “Journey to Healing and Understanding” [Jornada Para Cura e Entendimento], evento realizado na Igreja Adventista Village de Berrien Springs e co-patrocinado pela Universidade Andrews, Associação da Região do Lago, União Associação do Lago. Ela já havia citado partes da mesma mensagem num e-mail enviado ao corpo docente, funcionários e estudantes da Universidade Andrews, em 20 de fevereiro como a primeira resposta oficial ao vídeo. 

“Nós não ouvimos bem”, escreveu a reitora via e-mail. “Não temos sido sensíveis e não tomamos medidas quando ação deveria ter sido tomada”. Luxton disse que “sentia profundamente” e lembrou a sua audiência que ser cristãos e adventistas do sétimo dia exige que tenhamos maiores expectativas de nós mesmos. “Nunca teremos uma desculpa para desvalorizar, fazer suposições de outro por causa de sua raça”, afirmou.

Luxton reconheceu e validou que o vídeo estudantil “tinha atingido o coração de muitos”, e inspirou “uma variedade de reações apaixonadas de todos os cantos”.

Na mesma linha, a reitora da Universidade começou sua mensagem da capela numa nota esperançosa: “Nós vamos ficar bem”, disse Luxton. “Sei disso porque esta comunidade é incrível, algo que ficou mais claro para mim nos últimos dias”.

Consertando Relacionamentos

Luxton também lembrou a sua audiência que o coração do Evangelho é baseado em relacionamentos, cura e conexão. Usando a história do Evangelho do grupo de amigos que leva um paralítico a Jesus para ser curado, ela deixou implícito que todos podem desempenhar, não apenas o papel desses amigos, mas também o de Jesus. 

“Assim como Jesus, quando alguém vem a nós para ser curado, temos a responsabilidade de oferecer a cura”, disse Luxton. “É algo que devemos fazer diretamente, honestamente, e de todo [coração].”

As palavras da reitora refletiam uma mensagem de e-mail enviada pela capelã da Universidade, June Price, e pelo pastor da Igreja Pioneer Memorial, Dwight Nelson, que dois dias antes do culto de capela convidou a comunidade educacional a se reunir “para buscar a orientação e sabedoria de Deus para a cura de que precisamos”. O propósito final, eles tinham lembrado os destinatários de suas mensagens, é que “nós, como um campus devemos refletir para a nação e o mundo um retrato do caráter amoroso [de Deus]”.

Como um primeiro passo para essa cura, durante a reunião de capela Luxton compartilhou um vídeo, “Ouça. Dialogue. Mude”, em que os principais administradores, líderes estudantis e funcionários se desculparam em nome da comunidade educacional por não estarem sempre plenamente conscientes do viés racial e de desigualdade.

“Sinto muito”, disseram vários líderes, olhando diretamente para a câmera. “Temos de fazer melhor”. Os administradores universitários também compartilharam algumas das etapas específicas que a escola vai tomar para promover a cura e a reconciliação nos próximos meses, incluindo a contratação de um administrador de tempo integral que reporta diretamente à reitora; treinamento obrigatório de diversidade cultural para professores, funcionários e estudantes; e um processo de resolução de queixas reforçado para os alunos denunciarem injustiça e maus tratos de todos os tipos.

“Ainda não chegamos onde deveríamos estar. Mas posso dizer-lhes que estamos plena e inequivocamente empenhados em continuar no caminho para a cura, compreensão e justiça bíblica”, disse Luxton. 

Feedback positivo

O discurso de Luxton e a resposta oficial do vídeo da universidade foram recebidos com uma ovação de pé, e suscitaram reações positivas, com estudantes louvando o que alguns chamavam de “a semelhança de Cristo no discurso de Luxton”.

“A forma como a reitora abordou a questão atraiu-me”, disse um estudante da Andrews que pediu para permanecer anônimo. “A administração obviamente escutou, respondeu, e nos disse como vão resolver o problema, tomando medidas rumo à reconciliação”. O mesmo estudante compartilhou que alguns de seus amigos, que apoiaram o esforço do vídeo “It Is Time AU”, agora estavam postando a resposta da reitora e do discurso em suas páginas do Facebook, acrescentando comentários positivos. “Foi um grande dia para Universidade Andrews”, disse o aluno. Além disso, o estudante Jon-Philippe Ruhumuliza disse que estava confiante de que aprender a abraçar as nossas diferenças através de uma reconciliação guiada pelo Espírito libera o poder de Deus para atuar na escola. Ele, que estuda Religião e História, ainda fez notar a transcendência do momento: “Nunca será demais ressaltar o significado histórico dos últimos dias “, disse Ruhumuliza.

“Eu acredito que as escolhas que estão sendo feitas na Universidade Andrews têm o potencial de impactar não apenas a Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas toda a nação”.

Um Trabalho em Progresso

Embora a semana que marca época na Universidade Andrews culminou num momento significativo de reconciliação, “devemos continuar o trabalho de abordar questões raciais”, disse Don Livesay, que serve como presidente da União Associação do Lago, dos Adventistas do Sétimo Dia, bem como o vice-presidente do Conselho de Curadores da Universidade Andrews. “Como nós, é minha esperança que todas as partes se envolvam no processo da maneira mais produtiva”. E enquanto os estudantes, professores e funcionários se reúnem para se concentrar em criar um futuro mais brilhante no campus universitário, Andrea Luxton é a primeira a admitir que de fato há um caminho à frente: “Esta é uma jornada contínua rumo à reconciliação”, concluiu Luxton. “No final, no entanto, estou confiante e oro para que saiamos desta situação atual com uma Universidade mais forte, rica e melhor”.

Para ver o vídeo da resposta oficial da Universidade de Andrews, clique aqui.

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