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CONCÍLIO ANUAL VOTA CONTINUAR O DIÁLOGO SOBRE O PROCESSO DE UNIDADE E RECONCILIAÇÃO

Documento é retornado à Comissão de Unidade de Supervisão da Missão

Silver Spring, Maryland, United States | Adventist Review Staff/Adventist News Network

Após quase seis horas de discussão e debate, a maioria dos membros da Comissão Executiva da Associação Geral (GC) dos adventistas do sétimo dia votou durante sua reunião anual do Concílio enviar um documento intitulado “Procedimentos para Reconciliação e Adesão na Governança da Igreja: Fase II”, de volta à Comissão de Unidade de Supervisão da Missão para posterior revisão. 

“A corporação falou”, disse Ted N.C. Wilson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Será remetido de volta para a comissão. Pela graça de Deus, encontraremos uma maneira de produzir algo novo”. 

O Escopo do Segundo Documento

O documento descreve a segunda fase de um processo de reconciliação votado no Concílio Anual do ano passado, que buscava iniciar procedimentos padrão para manter a unidade da Igreja em questões que envolvessem incumprimento. As áreas abordadas incluem Crenças Fundamentais, ações votadas ou praxes de trabalho da Igreja. A Fase I, votada no Concílio Anual de 2016, procurou fornecer uma abordagem “pastoral” envolvendo diálogo e uma maior compreensão entre os envolvidos. 

O documento da Fase II enfatiza o compromisso da Comissão Executiva de “preservar a governança e a estrutura organizacional da Igreja Adventista do Sétimo dia em todos os níveis” no contexto da “tolerância piedosa, caridade cristã e graça redentora”. Os parágrafos introdutórios também destacam um compromisso por parte da Comissão Executiva para “o processo contínuo de tolerância e discussão”, que oferece “tempo adicional para encontrar soluções”. 

“Eu acredito que a Igreja tem sido admoestada”, disse Wilson durante a discussão do dia. “Nosso objetivo é redimir. Mas devemos respeitar o que a Igreja a nível mundial vota”. 

Praxes denominacionais

O documento da Fase II que foi encaminhado para a comissão de origem também acentua sem restrição a necessidade da praxe da Igreja, ancorando suas raízes em referências bíblicas, juntamente com os princípios articulados pela co-fundadora da Igreja, Ellen G. White. “Ao longo da Escritura, a organização tem sido uma prioridade para o povo de Deus”, diz o documento. “A organização da Igreja também é um claro mandato bíblico e um ensinamento bíblico fundamental para o povo de Deus no fim dos tempos”. 

Conquanto reconhecendo  que “as praxes da Igreja não são infalíveis”, o documento explica que as praxes oferecem “o melhor julgamento de um grupo representativo de líderes da Igreja em um determinado momento sobre como as entidades denominacionais vivem e trabalham juntas”. A Praxe Operacional da Associação Geral é o resultado de votos de representantes de todo o mundo durante a Associação Geral em sessão de cinco em cinco anos, ou durante a reunião anual da Comissão Executiva. 

O documento da Fase II baseia-se em praxes votadas existentes, como o B 15 05, que esclarece “a voz autorizada” da Praxe Operacional da Associação Geral e B 15 10, que exige a adesão global à Praxe Operacional. O documento reconhece que “as práticas não conformes podem ser expressões muito complexas de valores, crenças e práticas culturais, étnicas, teológicas, de comunicação e econômicas” e “diferencia as práticas não conformes em três categorias”.

A categoria 1 trata das 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A categoria 2 trata das ações votadas da Comissão Executiva da Associação Geral que são “designadas para implementação global” e que, se não implementadas, “afetariam negativamente a unidade da Igreja”. A categoria 3 envolve “praxes, iniciativas e práticas de natureza local, e não em violação das ações votadas na Assembleia da Associação Geral ou votadas pela Comissão Executiva da Conferência Geral não tendo impacto sobre  a unidade da Igreja”.  

Antecedentes do Documento

Um relatório introdutório foi dado por Thomas Lemon, vice-presidente geral da GC e presidente da Comissão de Unidade na Supervisão da Missão. Lemon foi encarregado de facilitar o acompanhamento do documento votado de Unidade na Missão de 2016. “Tomamos o processo que vocês votaram no ano passado como um mandato pastoral, uma oportunidade de se envolver com pessoas em todo o mundo”, explicou Lemon. 

Ao longo do ano, os convites para reunião e diálogo vieram da Divisão Norte-Americana (NAD), Divisão Transeuropeia (TED), Divisão Intereuropeia (EUD) e Divisão do Pacífico Sul (SPD). Lemon encontrou-se com os três primeiros, enquanto conflitos de agendamento o impediram de se encontrar com integrantes da SPD. 

Lemon disse que embora haja problemas de conformidade, ele não viu “nenhum sinal de rebelião” em suas interações com as entidades com quem se engajou. “A unidade e o compromisso com a mensagem da Igreja Adventista do Sétimo dia são tão fortes como sempre tenho visto”. 

Lemon também apresentou o documento da Fase II, enfatizando que veio através da Comissão de Unidade na Supervisão da Missão, foi então discutido pela Comissão Administrativa da Associação Geral (ADCOM) e, finalmente, foi encaminhado à Associação Geral e Diretores de Divisão (GCDO) antes de chegar à Comissão Executiva do Concílio Anual hoje.

Antes da discussão a partir da audiência, G.T. Ng, Secretário-Executivo da GC, explicou que, conquanto o documento aborde a questão da ordenação de mulheres para o ministério e “foi desencadeado” por essa questão, é muito mais amplo e “trata sobre governança”. Ng lembrou aos membros que “consciência pessoal não é o que está em julgamento, mas a governança da Igreja”.

Juan Prestol-Puesán, tesoureiro da Igreja a nível mundial, também ofereceu palavras introdutórias. Ele explicou que favorece a ordenação das mulheres como uma convicção pessoal. “No entanto, há uma convicção maior que a supera—a de estar juntos”, afirmou. “Minha convicção pessoal precisa ser subordinada ao que mantém o corpo unido”.

Os comentários da discussão do auditório do documento proposto começaram com Wilson lembrando aos membros da comissão a necessidade de decoro. “Começaremos nossa discussão no espírito de caridade e respeito”, explicou Wilson. O documento de 14 páginas foi lido em voz alta por Hensley Moorooven, secretário-associado da GC. Os membros da Comissão e os convidados então enviaram comentários à presidência de vários microfones no auditório, na ordem em que digitalizaram seus crachás por um sistema que registrava comentários. Os comentários foram diversos e variados em suas perspectivas sobre o conteúdo do documento proposto. 

Tanto os líderes da Igreja como os membros leigos da comissão de todo o mundo falaram abertamente, às vezes apaixonadamente, a favor ou em oposição ao documento.

Alguns exortaram o Comissão a aprovar o documento e avançar, enquanto outros apoiaram o envio do documento de volta a uma comissão para melhoramento posterior. Aqueles que apoiaram o retorno do documento levantaram questões sobre a constitucionalidade de certos segmentos do documento. Outros ainda pediram linguagem refinada no documento da Fase II.

Uma coisa ficou clara. Apesar de fortes convicções de ambos os lados quanto ao assunto, ninguém sugeriu uma divisão na Igreja Adventista do Sétimo dia. “Eu quero dar a esta corporação  alguma garantia”, disse Dan Jackson, presidente da Divisão Norte-Americana. “Não temos absolutamente intenção de dividir a Igreja Adventista e começar nossa própria Igreja na América do Norte. Não nos separaremos desta igreja. Estamos comprometidos com o trabalho desta Igreja, tanto na América do Norte como em todo o mundo”.

Votos e Ações

O maior voto do dia resultou de uma moção para encaminhar o documento à Comissão de Constituição e Estatuto da Associação Geral. A proposta sugeria possíveis conflitos entre o documento e as disposições da Constituição e do Estatuto Social da GC. A ação foi subsequentemente alterada para encaminhar o documento à Comissão de Supervisão da Unidade da Missão, e foi votada em cédula secreta, vencendo por 184 a 114.

Fazendo notar que o item não será discutido pela Comissão Executiva até o Concílio Anual de 2018, Wilson disse que “ainda temos o desafio de quem não está em conformidade. Então, orem por aqueles dentre nós que precisam trabalhar nisso. E tentem incentivar a conformação”, ele pediu aos membros. “Esperamos voltar com algo que nos ajude a atingir o nosso objetivo de missão”. 

Leia o documento completo, “Procedimentos para a Reconciliação e Adesão na Governança da Igreja: Fase II”.  

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