South America

NO BRASIL, INDÚSTRIAS ADVENTISTAS FOCAM NO CONSUMO SAUDÁVEL

Com linhas variadas de alimentos naturais e saudáveis, as empresas ligadas à Igreja Adventista procuram trabalhar de forma integrada.

Brasilia, Brazil | Vanessa Arba

 

A Superbom produz de sucos integrais a proteínas vegetais, mel, patês e pastas, biscoitos e queijos veganos. Tudo natural. [Foto crédito: Vanessa Arba]

Ao redor do mundo, uma crescente preocupação com a saúde alavancou o campo de alimentos saudáveis. Companhias que produzem alimentos saudáveis celebram o sucesso dos produtos. Mas dentre essas indústrias, algumas estão no mercado não apenas para se parecerem boas, mas por filosofia.

“A Igreja Adventista não trabalha com empresas ou organizações”, disse Erton Köhler, presidente da Igreja Adventista para a América do Sul. “A manutenção de hospitais, escolas, etc., tem um propósito maior por trás de cada uma dessas instituições. As fábricas de alimentos, em particular, têm dois objetivos principais: O primeiro é ajudar na realização da missão, alcançando as pessoas por outros meios diferente do convencional. E o segundo é propagar a crença bíblica e argumentamos sobre a necessidade de uma vida saudável. É por isso que nossas fábricas produzem alimentos diferenciados, com foco na qualidade de vida das pessoas”.

Pontes para o evangelho

Para o diretor da Alimentos Granix, Marcelo Cerda, essas fábricas são pontes para que as pessoas se aproximem do evangelho. Na medida em que cuidam do corpo e saúde, elas acabam conhecendo a Igreja, e isso quebra barreiras. “Nós, como Igreja, temos em nossa doutrina o conhecimento de que o corpo é o templo do Espírito Santo. Assim, vender alimentos saudáveis é uma atividade de apoio, uma ponte para o objetivo final, que é nossa missão, que as pessoas possam conhecer Jesus.”  

Com 80 anos no mercado, Alimentos Granix começou a produção de cereais. Inicialmente a produção era de biscoitos doces e salgados. Atualmente, a linha de produção está acima de 3.500 toneladas por mês, somando cerca de 40 mil toneladas por ano. 

Álvaro Masias, diretor da Productos Unión (Peru), diz que todos os produtos carregam em sua embalagem o logotipo da Igreja e um verso bíblico. Desta forma, o consumidor “não só leva um produto saudável, mas também identifica nossos produtos com a Igreja. Evidentemente, consideramos que cumprimos a missão”, ele disse.  

Para a Superbom, é motivo de orgulho basear-se em princípios Cristãos. “Ellen White [co-fundadora e autora da Igreja Adventista] disse que ‘há muita religião num pão’”, lembra o diretor da indústria, Adamir Alberto. “Identificamos em todos os nossos produtos que somos uma indústria ligada à Igreja Adventista. Nossa ideia é fazer com que todos os nossos consumidores se assegurem de que estão consumindo um produto de qualidade, baseado na filosofia adventista”.  

A Superbom foi fundada em 1925 com uma linha de sucos saudáveis. Hoje, com mais de 90 anos no mercado, oferece vários tipos de alimentos naturais, como proteínas vegetais, mel, biscoitos, queijo vegano, etc. 

Apesar da crescente demanda da indústria de alimentos saudáveis, não é fácil competir no mercado, especialmente se a empresa segue a indústria por razões filosóficas. Alberto lista os maiores desafios. “É uma dificuldade combinar qualidade e preço. São quase incompatíveis! Ou o produto é muito caro para a qualidade, ou se torna barato por não tê-la. Então, colocar essas duas coisas juntas é laborioso. Outro grande desafio de alimentos saudáveis é o sabor, principalmente porque trabalhamos com produtos naturais e sem química. Mas em termos de comércio, não adianta ter qualidade e não agradar o gosto”.

Mesmo em meio a um quadro desafiador, a empresa nunca perde o seu espaço. Na verdade, a estratégia de inovação acaba sendo o seu maior estímulo. Sua produção mais recente, a do queijo vegano, foi sem precedentes. “Alguns produtos são derivações de outros, mas a criação a partir do zero é mais difícil. E a criação de um produto é algo interessante! Há aqueles que são imaginados, e há outros que se aproximam da necessidade do mercado, como os queijos veganos. Percebemos que não havia uma indústria desse tipo no Brasil, então queríamos desenvolver o produto. Nossa indústria criativa une pessoas que se especializam em engenharia química, produção, alimentos, nutrição, etc.”, explica. 

A Superbom atende a todo o Brasil, em grandes redes de supermercados, lojas especializadas e todas as lojas em instituições adventistas. Sobre venda no exterior, Adamir afirma: “Fazemos muito pouca exportação, já exportamos para o Japão, Chile. . . . Estamos tentando abrir esse espaço, mas ainda estamos no início desse processo”, ele acentua. 

Além disso, outras indústrias alimentares pertencentes à Igreja Adventista operam no continente, como sejam: Granix (Argentina), Productos Unión (Peru), Ceapé Products (Argentina), Superbom Chile e Alimentos Cade (Equador). 

Reunião de administradores

Em 24 e 25 de janeiro, diretores e administradores dessas indústrias se reuniram na sede da Igreja Adventista para América do Sul, em Brasília, com o objetivo de fortalecer os propósitos e integrar as forças das organizações. Para Köhler, a integração otimiza o trabalho de várias maneiras. 

“Algumas [das fábricas] são maiores, algumas menores, cada uma tem um know-how diferente, uma equipe diferente, produz um material diferente e queremos integrá-los para capacitar a equipe técnica, o mercado, o uso de insumos, qualidade e custo dos produtos. O objetivo é ter indústrias mais sólidas, produtos de melhor qualidade e mais acessíveis para a grande população. Desta forma, estarão ajudando a Igreja a cumprir a sua missão de proporcionar qualidade de vida às pessoas”, ele explicou.

 

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